O Estreito de Ormuz é a passagem que separa o Golfo Pérsico do Oceano Índico e por onde passa mais de 20% do crude consumido em todo o mundo e uma boa parte do gás natural, incluindo 100% do que produz o Catar, um dos maiores produtores mundiais desta matéria-prima.

E para transformar esta estratégica faixa marítima que separa o Irão dos Emiratos Árabes Unidos por apenas 30 kms, mas com apenas alguns kms navegáveis, bastaria ao Irão largar umas centenas de minas submarinas no estreito e centenas de navios mudariam imediatamente de rumo.

Com os gigantes dos mares que transportam mais de 20 milhões de barris de petróleo por dia afastados desta passagem de e para o Golfo Pérsico, as minas navais, pequenas boias carregadas de explosivos com espoletas sensíveis aos toques dos cascos dos navios, cairiam com igual intensidade nos mercados petrolíferos globais espalhando o caos e a desconfiança.

Este cenário, que há décadas assusta os mercados e os produtores do Golfo, desde a Arábia Saudita aos EAU, Kuwait, Barain ou Catar, bem como os grandes poderes económicos mundiais, da China aos Estados Unidos, passando pela Europa Ocidental, nunca esteve tão perto de acontecer.

Isto, porque, como se sabe, se os EUA entrarem na guerra contra o Irão ao lado de Israel, em Teerão o risco de derrota militar e queda do regime cresce exponencialmente e isso levará seguramente ao recurso das medidas mais drásticas, como seja o bloqueio do Estreito de Ormuz e o ataque às bases militares norte-americanas na Arábia Saudita, Barain, EAU...

Alias, nos últimos dois dias (ver links em baixo), esta faixa marítima estratégica esteve parcialmente fechada à navegação devido à presença de dois petroleiros em chamas, depois de terem chocado, enquanto um terceiro acabou por embater nestes.

Este incidente de extrema gravidade foi quase ignorado pelos media ocidentais, claramente de forma a evitar o pânico, que levaria a uma maior abrasividade nos mercados e à subida ainda mais expressiva do preço do barril.

Ainda assim, faz parte do conjunto de ramificações do conflito iraniano-israelita que levaram, desde sexta-feira, 13, quando Israel atacou, sem justificação razoável, a não ser uma nunca provada procura activa de Teerão em obter uma bomba nuclear, o barril de Brent a subir quase 7%, para os 75,40 que marcada esta tarde de quarta-feira, 18, embora demonstrando uma instabilidade que faz dos mercados uma montanha-russa com propensão para escalar.

Mas os especialistas não duvidam que se o pior cenário acontecer, o barril poderá entrar numa aspiral de subida sem limite até aos 200 USD...