Esta estimativa está publicada num documento do Banco Africano de Desenvolvimento (BAD), que foi divulgado agora, durante a reunião anual da instituição, no Cairo, Egipto, onde se diz ainda que a média de crescimento em África vai ficar nos 4 por cento, o que coloca Angola a apenas 3 décimas desta fasquia.

"Perspetivas Económicas de África" é o nome do documento elaborado pelo BAD e agora divulgado no Egipto, notando ainda melhorias previstas para o ano que vem, onde a média sobe para 4,3% entre os 54 países do continente.

Este relatório, elaborado por técnicos do BAD e governadores do banco, indica ainda que o número de países com um crescimento sólido acima dos 5% no continente africano vai subir em 2024, aproximando-se dos 25 ou acima disso.

Entre os países lusófonos, apenas São Tomé e Príncipe fica abaixo de Angola, nos 1,8%.

De acordo com uma notícia da Lusa, que cita o documento, a recuperação do crescimento económico africano ocorre depois de uma evolução do PIB real estimado em 3,8% em 2022, abaixo dos 4,8% em 2021, "devido aos choques múltiplos e dinâmicos" que "pesaram no dinamismo de crescimento de África".

Apesar disso, o crescimento do PIB em 2022 está acima da média global de 3,4%, e todos os países africanos, com excepção de dois, registaram taxas de crescimento positivas.

"Isto demonstra também uma resiliência notável, patente na projectada consolidação do crescimento a médio prazo", sustenta o BAD nas suas perspectivas macroeconómicas, ainda citado pela Lusa.

Esta resiliência contínua, acredita a instituição, será reforçada pelas melhorias esperadas na economia mundial, alimentadas pela reabertura da China e um ajuste em baixa das taxas de juros, já que o aperto da política monetária sobre a inflação começa a dar frutos.

O crescimento dependerá das características económicas de cada país, com a subida da exportação de petróleo a perspectivar que os países produtores beneficiem dos preços desta matéria prima, que, apesar da recente descida, permanecem elevados.

As economias não intensivas em recursos beneficiarão das suas estruturas económicas mais diversificadas, sublinha o BAD, realçando a importância da diversificação para resistir aos choques.

Dos vários riscos para o desempenho económico que África enfrenta, o BAD destaca a nível externo o aperto das condições financeiras globais e a valorização do dólar dos Estados Unidos, que "exacerba os custos do serviço da dívida e pode aumentar o risco de endividamento" e o prolongamento da invasão da Ucrânia pela Rússia.

Internamente, aponta a situação de insegurança alimentar e custo de vida em África, além das alterações climáticas, que "continuam a ameaçar vidas, meios de subsistência e atividades económicas".

As reuniões anuais do Grupo Banco Africano de Desenvolvimento começaram segunda-feira e decorrem até sexta-feira, em Sharm el Sheikh, no Egito, sendo o tema nas múltiplas sessões de trabalho "Mobilizar o financiamento do setor privado para o clima e o crescimento verde em África".