É a reacção a movimentações verificadas esta semana da Agência de Investimento Privado e Promoção das Exportações (AIPEX) e do Governo Provincial de Benguela por investidores para o Elefantes Bay, apresentado em Dezembro de 2016 com um orçamento de 2,6 mil milhões de dólares norte-americanos.
Hoje, quatro anos após a data prevista para o arranque da primeira fase, o grupo Lucitur, por sinal ligado a um antigo governador, Ramos da Cruz, toca num assunto muito em voga quando se analisa o ambiente de negócios no País.
"O projecto não avançou porque os vários governadores [Dos Anjos e Falcão] que passaram não executaram a estrada de suporte ao investimento ambicioso e importante", refere, em nota explicativa endereçada ao NJ, o administrador da Lucitur, Manuel João, acrescentando que só em 2023, após uma garantia do actual governador, Luís Nunes, de que "a estrada de suporte ao projecto será feita", o promotor da iniciativa colocou mãos à obra.
Esta informação é, de resto, confirmada por fonte do sector da hotelaria, que aponta para algumas casas feitas e um campismo quase concluído.
Num primeiro contacto, o administrador minimizou as movimentações da AIPEX e do Governo de Benguela.
"Nós somos os promotores, vamos assumir e executar", reafirma.
É que o director do Gabinete Provincial de Desenvolvimento Económico, Samuel Malezi, tinha garantido que as autoridades, para lá do esforço para reabilitação da via e instalação de água e energia, tentariam persuadir investidores nacionais e estrangeiros.
"Neste sentido, a visita da AIPEX foi de constatação do andamento das obras, sendo um projecto inscrito na referida Agência", vincou o administrador, que pressiona para a reabilitação da via entre a sede comunal e a Baía dos Elefantes, pouco mais de trinta quilómetros.
Dois hotéis e um resort, unidades com capacidade para mais de 600 pessoas, uma marina, para 400 barcos de recreação, e um centro público complementam o projecto da Lucitur, que ponderava, à data da apresentação, recorrer à banca para conseguir parte do financiamento.
Parques, shopings, cinemas, casino e um campo de golfe com 18 buracos deverão compor o centro público.
As casas mais baratas estavam avaliadas em 160 mil dólares.
Outros rostos da Lucitur, em actividade desde 2012, com domicílios fiscais em Luanda e Namibe, são as empresárias Mónica Pavão da Cruz e Dânia Pavão da Cruz Duarte, filhas do antigo governador das províncias do Kwanza Sul e da Huíla.
O grupo actua nas áreas de Gestão de Participações Financeiras, Gestão de Empreendimentos Hoteleiros e Serviços.
Ramos da Cruz, que também já foi comissário municipal (administrador) do Lobito, é citado em círculos empresariais como um "camarada" que dá a cara pelo Elefant Bay, cuja construção deverá durar 30 anos.
Isaac dos Anjos, hoje assessor do PR para o sector produtivo, esperava que o Elefant Bay lançasse as bases para investimentos em outras baías, como a praia da Lua, da Equimina e a da Binga, mais a Sul.
Dinheiro condicionou reabilitação da via Equimina/Baía dos Elefantes, justifica Isaac dos Anjos
O ex-governador provincial de Benguela, Isaac Francisco Maria dos Anjos, justifica a não reabilitação da estrada Equimina/Baía dos Elefantes, peça-chave para o projecto turístico que prevê 2.000 habitações, com a inexistência, entre 2013 e 2017, de recursos ordinários do tesouro para investimentos públicos.
A posição do agora assessor presidencial é uma reacção a críticas da Lucitur, promotora do Elefantes Bay, segundo as quais "o projecto não avançou porque os vários governadores que passaram não executaram a estrada de suporte ao investimento".
Isaac dos Anjos lembra, para afastar cenários de um eventual desinteresse, que autorizou o licenciamento do projecto e a sua publicação em Diário da República.
"Durante esse período, não existiram recursos para investimentos públicos, quanto mais para investimentos privados", vinca Isaac dos Anjos, lembrando que deixou o projecto para uma circular rodoviária.
Esta via, orçada em 517 milhões de dólares, vai ligar, segundo Isaac dos Anjos, o Lobito à Equimina.
Depois das observações críticas em torno da estrada de apoio ao projecto, o administrador da Lucitur, Manuel João, assinalou, optimista, que "estará talvez a nascer a Califórnia de Benguela".