O que os dois países assinaram é uma espécie de armistício, que determina o fim das hostilidades mas não é ainda o acordo para a paz definitiva, o que parece ter sido entendido pelos mercados do crude, até porque esta subida é pouco sólida face à importância que tem sido atribuída por todos os analistas como factor para o fraco crescimento da economia global no último ano e até para as perspectivas pouco optimistas traçadas pelo FMI para este ano e 2021.

Recorde-se que, por causa da guerra comercial, declarada pelo Presidente dos EUA à China, justificada com várias acusações, desde o roubo de tecnologia à política económica de Pequim de apoio às empresas exportadoras, distorcendo as regras básicas do mercado e acrescentando-lhes artificialmente competitividade, ou ainda de manipulação da moeda, alguns dos países mais industrializados, como a Alemanha, mas também a Índia ou mesmo a China e os EUA, registaram ultimamente uma relativa apatia no crescimento económico e, logo, no consumo de petróleo.

Guerra comercial esta que se traduziu na aplicação, por parte dos EUA, de tarifas extra sobre mais de 300 mil milhões de dólares de bens importados da China - cujo total ronda os 500 mil milhões por ano - aos quais Pequim reagiu com idêntica medida sobre mais de 120 mil milhões USD de mercadorias Made in USA.

Agora, nesta primeira parte do baixar da tensão entre as duas superpotências económicas, Pequim compromete-se, como Donald Trump exigia, a aumentar a importação de bens dos EUA, especialmente agrícolas, ligados ao sector energético e tecnológicos, no valor de 180 mil milhões USD, a não voltar a manipular a moeda para acrescentar competitividade artificialmente à sua economia, ou ainda a estancar a subsidiação estatal às empresas privadas exportadoras.

Esta primeira etapa foi apelidada de Fase 1 do acordo, que inclui pelo menos 50 mil milhões de produtos derivados do petróleo em dois anos, sendo a tarefa assumida pelos EUA neste acordo a retirada progressiva das sanções na forma de tarifas extraordinárias aplicadas aos bens Made in China.

A ligeira reacção em alta dos mercados petrolíferos tem a ver, segundo vários analistas ouvidos pelos media do sector, ao facto de estas informações, com o avançar das negociações nos últimos meses, já terem sido anunciadas, formal ou informalmente, e estarem já digeridas pelos gráficos do Brent de Londres, onde é validado o valor médio das exportações angolanas, e do WTI de Nova Iorque.