O custo para o Estado manter a gasolina e o gasóleo, entre outros, muito abaixo do valor de mercado tem vindo a oscilar nos últimos anos devido ao sobe e desce dos mercados internacionais e em 2022 verificou-se uma das maiores subidas, mais de 60%.

Quase quatro mil milhões de dólares, ou 1,9 biliões Kz (1,9.000.000.000.000) foi quanto custou manter a gasolina nos 165 kz e o gasóleo 135 kz quando se sabe que o preço médio destes combustíveis adquiridos na sua maior parte nos mercados externos, anda em torno dos 400 Kz, oscilando aqui e ali em função do preço do barril de crude.

Estes dados constam do último relatório do Instituto de Gestão de Activos e Participações do Estado (IGAPE), onde, segundo a Lusa, consta preto no branco que em 2022 o Estado gastou mais 60% que em 2021 para manter os valores ao consumidor final entre os combustíveis mais baratos do mundo (0,30 USD/litro), o 3º mais barato, atrás apenas da Venezuela (0,02 USD) e da Líbia (0,031 USD), onde se praticam preços sem nenhuma relação com o mercado.

A maior parte dos gastos em Angola correspondem ao consumo de gasóleo, seguindo-se a gasolina e depois do GPL e do petróleo de iluminação.

Até que as três refinarias que estão previstas para os próximos anos entrem em funcionamento, a importação de combustíveis refinados é uma das grandes dores de cabeça do Governo de João Lourenço, e da Sonangol, a quem cabe dar a cara e o cofre por estes gastos fixos.

Apesar das vozes serem cada vez mais e mais sonoras na defesa do fim a estes subsídios ou pelo menos na sua redução (ver links em baixo nesta página), incluindo o FMI, o Executivo mostra-se renitente em dar esse passo por causa das repercussões sociais que teria, visto que tal medida, dependendo do que vier a ser decidido, o fim completo dos subsídios ou a sua redução paulatina, terá consequências muito além da carteira do consumidor na bomba, como, por exemplo, no preço do táxi, nos transportes de carga, nos produtos manufacturados levados por estrada de e para todo o país...

A refinaria de Luanda, construída na década de 1950, e com sucessivas avarias e constantes interrupções para manutenção, com uma capacidade média, face aos problemas, de 30 a 40 mil barris por dia, está muito longe das necessidades do país, que ultrapassa os 200 mil barris por dia em refinados, o que ficará largamente superado assim que abrirem as torneiras das refinarias do Lobito, com capacidade para 200 mbp, do Soyo, com 100 mbp, e de Cabinda, com uma capacidade a rondar os 30 mbp.