Ao mesmo tempo que as IDF se livram dos repórteres locais no terreno com sucessivos assassinatos premeditados com o claro objectivo de travar a saída de imagens e provas do genocídio que decorre em Gaza, o Governo de Benjamin Netanyhau resiste aos apelos das organizações de jornalistas para deixar entrar os correspondentes dos media internacionais no
O que distingue este de outros episódios de terror que foi o abate de cinco jornalistas, estando entre eles um repórter muito conhecido do serviço em língua árabe da Al Jazeera, Anas al-Sharif, é que, desta vez, as IDF não procuram dissimular a tragédia com um erro de cálculo, assumindo o crime justificando com a acusação sem provas de que estes tinham ligações ao Hamas.
Anas al-Sharif morreu com a explosão de um míssil disparado, provavelmente, por um F-35 israelita, na tenda onde estava com outro repórter, Mohammed Qreiqeh, e os operadores de câmara Ibrahim Zaher, Mohammed Noufal e Moamen Aliwa, todos quadros do canal de informação internacional do Catar, que contam, entre outros trabalhos no terreno, a denúncia do abate de civis por snipers israelitas nos pontos de distribuição de ajuda alimentar ou das mortes de crianças esfomeadas nos braços das suas mãe que estão a comover a opinião pública internacional e a fazer crescer fortemente o sentimento anti-israel.
O assassinato dos cinco jornalistas foi veementemente condenado pela Al Jazeera e está a ser fortemente criticado por todas as organizações de jornalistas internacionais, que aproveitam para recordar que desde Outubro de 2023, no contexto da invasão israelita iniciada após o assalto mortífero, mais de mil mortos, do Hamas ao sul de Israel, as IDF já mataram cerca de 240 jornalistas.
Como algumas ONG internacionais já relataram, com tantos jornalistas palestinianos mortos, alguns foram substituídos por cidadãos que passaram a usar, sempre que possível, os seus telefones para filmar as atrocidades israelitas e fazê-las chegar aos media internacionais ou através das redes sociais.
A par da eliminação selectiva dos jornalistas locais, Israel continua a impedir a entrada de jornalistas internacionais no território e até os que acompanham os voos de distribuição aérea de ajuda humanitária são impedidos por agentes israelitas de obter imagens a partir das janelas dos aviões.
O objectivo, como fazem notar vários analistas, como Jacques Baud, antigo coronel da intelligentsia suíça, colocado na NATO durante mais de uma década, e autor de dezenas de livros sobre geopolítica e política internacional, é claramente reduzir a exposição internacional das evidências dos crimes de guerra e genocídio em Gaza, de acordo com a justiça internacional, que, a esse propósito, tem emitidos mandatos de captura contra Benjamin Netanyhau.
Segundo a Al Jazeera, pouco antes de ter sido assassinado, Ana al-Sharif, um jornalista conhecido internacionalmente no mundo árabe, de 28 anos, relatava na rede social X que a área sul e sudeste da Cidade de Gaza, a capital do território palestiniano que Israel já anunciou que vai tomar na totalidade e obrigar perto de um milhão dos seus habitantes a saírem rapidamente para campos localizados no centro desta causticada geografia, estava a ser fortemente bombardeada com barragens de artilharia e misseis lançados por avião concentrada para, objectivamente, garantir que ninguém fica vivo nos locais atingidos.
As mortes destes cinco jornalistas perseguem claramente a ideia de que Israel deve proteger as suas acções, crescentemente criticadas, mesmo pelos seus melhores aliados, a Europa ocidental e os Estados Unidos, através do cerceamento da informação que chega ao exterior de Gaza.
Anas al-Shariff e os outros quatro jornalistas agora assassinados passam a integrar a lista de 240 profissionais da comunicação social abatidos por Israel, muitos deles alvos específicos, e aos mais de 62 mil civis que desde Outubro de 2023 já tombaram sob a chuva de artilharia, misseis e incursões terrestres das Forças de Defesa de Israel num território com apenas 365 kms2 habitado por mais de 2,2 milhões de habitantes.
O mesmo território onde a fome provocada pelo contínuo e raramente interrompido bloqueio israelita dos milhares de camiões com ajuda humanitária que procuram chegar a Gaza a partir do Egipto ou mesmo de Israel, está a matar diariamente dezenas de pessoas, na maioria crianças e idosos, e que as ONG e as agências da ONU (ver links em baixo) alertam para centenas de milhar que podem perecer subnutridos nas próximas semanas se o cenário não sofrer alterações radicais imediatamente.