O ataque teve lugar cerca das 12:00 de Sábado e, de acordo com fontes das Nações Unidas, os homens que realizaram este cruel ataque chegaram à escola em motorizadas e com roupas civis, claramente com a intenção de matar e gerar o caos na escola.

A Academia Internacional Mãe Francisca, uma escola bilingue, francês e inglês, está localizada nesta conturbada região dos Camarões, onde actuam vários grupos separatistas com raízes étnicas e linguísticas, mas, segundo as agências, a meio da manhã de hoje o ataque ainda não tinha sido reivindicado.

A ONU, através do OCHA, o seu Escritório para a Coordenação dos Assuntos Humanitários, já considerou este como um dos mais cruéis ataques nesta região saturada de violência há vários anos.

Apesar de ainda não existirem indícios evidentes da autoria do ataque, estes devem estar relacionados com os continuados confrontos militares entre as Forças Armadas camaronesas e os grupos armados separatistas nesta região de maioria linguística inglesa, que faz fronteira com a Nigéria e que com especial destaque procura criar condições para se autonomizar.

A violência deste ataque foi de tal ordem que muitas das crianças feridas saltaram de um segundo andar através de janelas envidraçadas com medo de serem esquartejadas ou mortas a tiro.

A Comissão Africana já tomou posição sobre a violência que grassa nesta região dos Camarões e o seu presidente, Moussa Faki Mahamat, mostrou o seu "total repúdio" por esta atrocidade para a qual "não existem palavras suficientemente fortes para condenar" e mostrar "o total horror" que representam.

O chefe da Comissão Africana sublinhou o facto de estas crianças terem sido atacadas quando estavam em salas de aula a aprender e a preparar o seu futuro.

Mas também o líder separatista, Ayuk Tabe, se referiu a este episódio de terror como uma brutal atrocidade e apelou a que os responsáveis sejam detidos e levados à justiça o mais breve possível.

Esta região, uma das duas anglófonas, no sudoeste e no noroeste, é ocupada por uma larga minoria de falantes de língua inglesa (20% do total dos habitantes dos Camarões) num país onde a esmagadora maioria dos seus 25 milhões de habitantes tem o francês como língua corrente.

Os movimentos separatistas fundamental a sua reivindicação numa alegada descriminação dos anglófonos pelo Estado central de Yaounde, levando, espwecialmente desde 2016, a que a denominada "Ambazonia" declarasse simbolicamente a sua independência, gerando uma violenta resposta por parte do poder central, estruturalmente francófono.

Uma das respostas à pressão exercida pelo Presidente Paul Biya, foi a imposição, pelos rebeldes, de recolher obrigatório e o fecho das escolas, o que gerou, nas escolas que não aceitaram estas imposições, a múltiplos raptos e agressões, mas nunca com a dimensão e atrocidade deste ataque em Kumba, na Academia Internacional Mãe Francisca, uma escola onde as duas línguas, francês e inglês, estão em condições semelhantes enquanto ferramentas de ensino.