A violência que há mais de um ano é protagonizada pelas milícias Kamwina Nsapu nos Kasai e Kasai Central são uma das justificações para que as eleições gerais na RDC, que vão ficar marcadas pela saída do poder do Presidente Joseph Kabila, ao fim de dois mandatos, não venham a ser realizadas até ao final deste ano como está previsto no acordo assinado pela oposição e pelo Governo em finais de 2016.

Apesar de o número do registos de eleitores ser já superior ao das duas eleições anteriores, a instabilidade nos Kasai, onde já morreram mais de 500 pessoas e 1,3 milhões abandonaram as suas casas, não tem permitido listar os eleitores destas províncias, o que impossibilita a realização de eleições porque duas províncias estariam arredadas do escrutínio.

Recorde-se que existem suspeitas de que a violência no Kasai tem, segundo a oposição congolesa e algumas figuras, como é o caso do empresário Sindika Dokolo, origem em interesses políticos a partir de Kinshasa.

O Presidente Kabila já devia ter deixado o poder em Dezembro último, para quando estavam previstas as eleições., mas manteve-se no poder devido ao acordo assinado com a oposição e depois de várias manifestações organizadas pela oposição para exigirem eleições e durante as quais morreram mais de 100 pessoas.

Para resolver o problema nos Kasai e Kasai Central, províncias de onde são originários os mais de 30 mil refugiados que estão actualmente na Lunda Norte, a CENI pede às forças políticas e à missão da ONU na RDC, a MONUSCO, para criarem condições mínimas para concluir o registo eleitoral.

Neste momento existe o risco de as eleições não ocorrerem dentro dos prazos acordados - até finais deste ano -, deixando em aberto a possibilidade de mais violência no mais complexo e um dos maiores países africanos.