De uma forma simples, a seca pode ser definida como sendo o fenómeno que ocorre naturalmente quando a precipitação registada é significativamente inferior aos valores normais, provocando um sério desequilíbrio hídrico que afecta negativamente os sistemas de produção dependentes dos recursos naturais. Situações de seca podem arrastar a conjunturas de desastre, podendo paralisar a produção agrícola, esgotar as pastagens, provocar instabilidade nos preços dos alimentos, colocar em perigo a segurança alimentar e, nos casos mais extremos, conduzir à inanição e morte de pessoas e animais. Os impactos da seca difundem-se por áreas geográficas mais amplas comparativamente a outros desastres naturais, característica que dificulta o desenvolvimento de estimativas precisas, confiáveis e atempadas da sua severidade e, consequentemente, a formulação de planos de contingência apropriados.

A seca tem tanto componentes naturais como sociais. O risco a ela associado para determinada região é o produto da exposição desta ao evento e da vulnerabilidade da população local. A exposição à seca varia no espaço geográfico e pouco, ou mesmo nada, pode ser feito para impedir a sua ocorrência. Em contrapartida, a vulnerabilidade é determinada por factores humanos e sociais como características demográficas, práticas de produção, políticas de desenvolvimento, comportamento social, etc. Estes factores variam ao longo do tempo, pelo que a vulnerabilidade das populações pode aumentar ou diminuir em resposta a essas variações. Secas subsequentes na mesma região podem ter diferentes impactos conforme as mudanças que, entretanto, possam ter ocorrido nas sociedades locais. As sociedades rurais do Sul caracterizam-se pela sua alta adaptabilidade aos ecossistemas locais e grau de resiliência à seca. Contudo, esta resiliência vem-se reduzindo progressivamente conduzindo ao aumento da vulnerabilidade destas populações, facto demonstrado pelo actual episódio de seca, pelo que se torna imprescindível conhecerem-se as causas conducentes a este facto, por forma a inverter-se a situação.

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