Foi nestas circunstâncias que, por exemplo, participamos às pressas, mas era absolutamente imperioso, dos jogos olímpicos de Moscovo, em 1980, em solidariedade ao aliado político na altura, a antiga União Soviética, alvo de um bloqueio naquele evento por parte dos países ocidentais e seus aliados.
Neste mesmo ano de 1980, realizou-se, aqui, em Luanda, o campeonato africano de juniores de basquetebol que, diante de uma moldura humana nunca antes vista, a nossa equipa nacional acabou por ganhar o torneio, superando adversários de peso como a República Centro Africana de Anicet Lavodrama e Frederick Goporou e a Nigéria de Hakeem Olajuwon que viria, anos mais tardes, a tornar-se numa estrela cintilante da NBA.
Seguiu-se um outro evento desportivo de grande dimensão em 1981. Tratou-se dos II jogos da África Central organizados de forma tão bem-sucedida, não obstante partes significativas do território nacional estarem sob ocupação do exército sul-africano, que se tornaram, durante anos, num ponto de referência para os eventos organizados sob a égide do conselho superior dos desportos da Organização da Unidade Africana.
E assim foi durante largos anos, com o desporto a ocupar um lugar especialmente relevante na vida social e política da jovem nação que emergia e se debatia com inúmeros desafios, próprios daquele contexto em que, inclusivamente, a própria existência soberana do País esteve seriamente posta em causa.
Não foi por obra de mero acaso, mas, sim, o resultado de trabalho árduo e estrategicamente visionário que no já longínquo ano de 1987, enquanto se travava no extremo Sudeste no nosso País a celebre batalha do Cuito Cuanavale e se decidia os destinos na Namíbia e da África do Sul, que na capital queniana, Nairóbi, a selecção nacional sénior masculina de basquetebol de Angola conquistou a sua primeira medalha da categoria, arrebatando o ouro nos panafricanos.
Ecoaram por África inteira os lindos acordes do Angola Avante e, ao mesmo tempo, a nossa bandeira, vermelha, preta e amarela era hasteada para o ponto mais alto do mastro.
O mesmo cenário de orgulho pátrio derivado de conquistas desportivas repetiu-se em diversas outras ocasiões como, por exemplo, o triunfo em diversos campeonatos africanos de basquetebol, de andebol feminino, das nossas primeiras qualificações ao CAN de futebol e tantos outros feitos marcantes.
Como disse, todas estas conquistas e feitos especialmente relevantes do nosso desporto derivaram, sem dúvidas, da implementação de uma estratégia e de uma visão de Estado que contou sempre com uma intervenção directa em muitas ocasiões e indirecta em tantas outras do Presidente José Eduardo dos Santos, a quem presto o mais do que merecido tributo, pois foi realmente um exímio desportista.
Outra nota que merece ser destacada nesta dimensão desportiva do nosso ex-Presidente é que vezes sem conta vimo-lo a praticar algumas modalidades como o futebol e o basquetebol, treinando a execução de uns cruzamentos na linha do fundo com o Zé Kalanga ou celebrando o seu 49.º aniversário na cidadela desportiva, jogando basquetebol com os atletas da selecção nacional.
Fica certamente muito mais por se dizer e revelar sobre esta particularidade da personalidade do Presidente José Eduardo dos Santos, enquanto homem do desporto, mas é uma tarefa que deve ser realmente executada pelos historiadores e estudiosos do nosso desporto para que feitos de tamanha nobreza e grandiosidade histórica não se percam nas masmorras do esquecimento.
Como desportista, cabe-me apenas dizer, nesta altura em que celebraria 82 anos de vida, se estivesse vivo: muito obrigado, Camarada Presidente.
*Jurista e Presidente do Clube Escola Desportiva Formigas do Cazenga