Feitas as apresentações no salo, saudou demoradamente cada colaborador, agradeceu a presença de todos e aproveitou para anunciar que a porta do gabinete estaria sempre aberta para quem quisesse partilhar ideias, dar opiniões para a melhoria do trabalho e da instituição dos Mambos sem Importância, uma vez que eles eram todos servidores, ainda que dos Mambos sem Importância. Essa mensagem foi bem recebida pelos presentes, que, sem darem conta do desconforto do novo chefe, brindaram com grande entusiasmo, porque pela primeira vez tinham um chefe aberto, que queria ouvi-los para melhorar a instituição e a qualidade de vida de todos.

Chefe Kibuzo, apesar de ter uma supercategoria, sui generis, que se igualava a uma espécie de superministro, tremia que nem folha verde ao vento ou joelhos com pelenguenha, sempre que aparecesse alguma tarefa à sua frente, porque tinha a noção de que não sabia nada daquilo que agora estava sob sua responsabilidade. Para piorar, nem sabia por que razão tinha sido nomeado (descobriu depois), tão pouco o que iria fazer, que tarefas teria de desempenhar e como, sendo ele o Alto Representante do PR para os Mambos sem Importância. Estava perdido, sentia-se atirado às correntes do médio Kwanza, cujo nome herdou. E agora? Como descobrir quais os Mambos sem Importância e o que fazer?

Decidiu procurar ajuda para aprender a trabalhar, visto que em toda a vida nunca tinha trabalhado sequer, mesmo indo à escola também não se lembrava, tal como de ter sentado numa carteira, tão pouco o nome de colega ou professor algum, nem que escolas frequentou. Apenas desconfiava que sabia ler, escrever, falar e fazer algumas contas envolvendo dinheiro. Como estava difícil encontrar quem o ajudasse a aprender a trabalhar e já estava há algum bom tempo no cargo, optou por ir tomar banho num quimbanda e ver se as coisas mudassem, se conseguisse uns banhos, umas pondas, uns paus e pós que o ajudassem a saber trabalhar bem para dar a melhor resposta aos Mambos sem Importância do Estado.

Para a tristeza dele, não havia quimbanda algum que conseguisse tal proeza, porque, segundo os mesmos, nunca alguém tinha ido à procura deles com estranho pedido, logo nenhum deles sabia o que fazer para que ele aprendesse a trabalhar bem, nem que levasse um elefante loiro com marfins doirados ou um kafuka fuka gigante que desse cambalhotas. Tentaram convencê-lo a lavar-se e a receber algumas mixórdias para ficar no cargo de forma permanente ou para ter o tal pau para continuar a subir e a ter bué de dinheiro, mas ele não aceitou, negou todas as ofertas, só estava interessado em aprender a fazer bem as tarefas sem importância.

Passou também por várias igrejas, buscou aconselhamento e rezas com diversos líderes religiosos. O espanto foi o mesmo, foi aconselhado a ler a Bíblia e outros livros sagrados para que encontrasse o caminho pretendido, mas até ao momento o Pai Grande dos Mambos sem Importância do País continuava aflito a tentar aprender a trabalhar bem.

Se alguém souber de que forma ele pode melhorar, por favor, não se iniba, diga qual é a solução que ele agradece, assim como todos os beneficiários pelos mambos sem importância, porque ele está indeciso entre pôr o cargo à disposição, pedindo a exoneração ou se continua no cargo, tipo nada, sem saber trabalhar bem, mas como Pai Grande dos Mambos sem Importância do País, com todas as regalias que esse cargo oferece, incluindo gralhas milionárias, uma vez que até tem uma categoria inigualável? Ajudem-no! Katé+n