A justificação para a manifestação é a desactivação de dois hospitais e duas escolas, falta de saneamento, iluminação pública, várias mortes em valas a céu aberto e, entre outros problemas, as estradas esburacadas.

Alguns elementos do movimento 15+2 e do movimento 18 Províncias indicaram como local da concentração, às 09:00 de sábado, a rua que dá acesso à administração.

Segundo o activista do movimento revolucionário 15+2, Nuno Álvaro Dala, a manifestação tem como propósito exigir a demissão do administrador.

"Ele está há muito tempo no cargo - foi nomeado em 2008 - e nada está a fazer para melhorar a imagem do município", disse Nuno Dala ao Novo Jornal Online, acrescentando que são esperados jovens de diversas zona do Cazenga e de outros bairros de Luanda.

Reiterando que estão a usar a palavra "destituição" e não exoneração, o activista defende que "os munícipes têm poder e quando querem eles podem promover a mudança".

"Este acto vai servir para transmitir ao senhor governador de Luanda, Adriano Mendes de Carvalho, a mensagem de que este descontentamento deve ser traduzido numa resposta adequada, que é a saída do administrador e a posterior prestação de contas", adiantou.

Nuno Dala acusa Tany Narciso de receber todos os meses a quantia de 1,4 milhão de Kwanzas do cemitério da Mulemba, vulgo 14, sem que se saiba para onde vai esse dinheiro.

Administrador diz-se vítima de "aproveitamento político"

Contactado pelo Novo Jornal Online, o administrador do município do Cazenga, Tany Narciso, acusa a CASA-CE de usar os militantes do núcleo do Hoji-ya-Henda para se manifestar contra a sua governação.

"Os activistas que pretendem realizar esta manifestação são militantes da CASA-CE", aponta, salientando que se trata de "aproveitamento político".

"Este é um processo novo de activismo político, eles tem como pano do fundo o aproveitamento político para manchar a minha boa imagem", acrescentou.

Tany Narciso defendeu-se de algumas acusações, como, por exemplo, de que não habita no município.

"Entrou na moda que o administrador já está há muitos anos no cargo e que não vive no Cazenga, mas eu e toda a minha família residimos no Cazenga e vivemos aquilo que a população vive", explicou, recordando que na altura que foi empossado como administrador municipal do Cazenga, encontrou o município "sem água, sem energia, com muito lixo nas ruas e com um índice de criminalidade bastante alto", situação que hoje é "muito diferente".

"Hoje temos outra realidade no Cazenga, o índice de delinquência diminuiu bastante, temos água corrente, só se nota um pouco de lixo nos quatro cantos do município devido ao modo de trabalho da Empresa de Saneamento e Limpeza de Luanda, (ELISAL) ", apontou.

Questionado sobre a quantia de 1,4 milhão de Kwanzas que é arrecadada todos os meses no cemitério do 14, o administrador contestou as acusações dos activistas e garantiu que todo o dinheiro arrecadado vai directamente para a conta única do Tesouro sem passar pela administração.

Por sua vez, o activista do movimento 18 Províncias, Xito Milongo, disse ao Novo Jornal Online que a população no Cazenga padece de quase tudo, incluindo falta de assistência médica por escassez de hospitais e centros de saúde.

"O povo acordou tarde mas finalmente está a perceber o que é importante, sábado vamos dar outra vida ao nosso município", afirmou.