João Lourenço escolheu a cidade de Ndalatando para lembrar que a paz e a estabilidade são condições essenciais do Estado de Direito e esse "deve ser o compromisso de todos os concorrentes nestas eleições".

"Alguém tem medo dos resultados eleitorais? Ninguém no MPLA receia o anúncio dos resultados pela CNE", afirmou o cabeça de lista do MPLA, deixando no ar a ideia de que "alguns" poderão não estra tão à-vontade.

Sem explicar qual a razão para fazer este apelo à manutenção da paz e da estabilidade, João Lourenço disse que esse "é o compromisso do MPLA" e que espera que "esse seja também o compromisso de todos os outros concorrentes", embora sem pronunciar qualquer um dos restantes sete adversários, é claramente um recado à UNITA de Adalberto da Costa Júnior, que tem vincado com persistência a possibilidade de a fraude alterar a vontade do eleitorado.

"Nós abraçamos essa ideia, mas defendemos que a estabilidade não deve ser exigida nesses períodos apenas. A paz e a estabilidade são algo pelo qual devemos lutar permanentemente, havendo ou não havendo eleições. Ddevemos lutar pela manutenção e aprofundamento da paz e da estabilidade no nosso país sempre", acrescentou o líder do MPLA.

João Lourenço afirmou que só pelo facto de concorrerem às eleições "os partidos e os seus candidatos assumem o compromisso da defesa da paz e da estabilidade", assumem o "compromisso de aceitarem os resultados eleitorais que forem anunciados pela entidade competente que é a CNE".

Insistindo longamente neste ponto, que é uma resposta evidente às diversas manifestações de desconfiança da UNITA nos procedimentos da CNE, João Lourenço, que é também Presidente da República, advertiu que a Constituição e a lei obrigam a que os concorrentes aceitem os resultados anunciados, "sejam favoráveis ou desfavoráveis a cada um dos concorrentes".

"Nós implantamos em Angola um estado democrático e de Direito, que tem um significado, que é que tudo se fundamenta na base da lei e as eleições são convocadas e realizadas com base na lei. Temos de respeitar a lei", apontou, acrescentando que o regime democrático tem mecanismos suficientes para garantir a paz e a estabilidade, "durante, antes e depois das eleições".

Esta advertência de João Lourenço pode, no entanto, ter ainda outros destinatários, além da UNITA, como, por exemplo, embora não tenha referido nenhum em particular, o facto de, como o Novo Jornal noticiou, o luxuoso condomínio Jardim de Rosas, em Talatona, Luanda, que elaborou um plano de contingência para responder a eventuais sobressaltos sociais no pós-eleições.

Neste comício de Ndalatando, o candidato do MPLA voltou - todos os seus discursos até aqui têm seguido este guião: elencar projectos feitos, compromissos para o futuro e questões nacionais na parte final - a sublinhar o conjunto de projectos concluídos na província do Kwanza Norte, desde as estradas ao ensino e à saúde, lembrando que algumas obras não são feitas, "não por falta de vontade do Executivo, mas porque são muito caras".

Voltou a apresentar as obras de grande folego no troço Zenza-Cacuso, 200 kms, da linha de caminho-de-ferro de Luanda, CFL.

Lembrou que a província do Kwanza Norte está muito próxima da capital do país, mas isso, por vezes, "é uma desvantagem", aproveitando para colocar como tema de campanha a questão da fixação das populações nas suas províncias, admitindo que, para isso, exige-se a criação de respostas às necessidades das populações.

"Temos de fixar as populações, evitar o êxodo das populações, as populações têm de encontrar os serviços junto das suas residências, é onde têm de ter centros médicos, o hospital, a escola, onde têm de encontrar emprego..." para que não tenham de deixar as suas terras, enunciou.

E garantiu que "esse esforço está a ser feito", como "levar os serviços essenciais às populações onde estas estão... para os nossos jovens não terem de ir para Luanda para se formarem, sobretudo nos cursos técnicos, nos cursos que fazem desenvolver o país, um país que se quer industrializar tem de dar formação técnica de qualidade".

Focando a sua atenção na juventude, prometeu um novo pavilhão gimnodesportivo para Ndalatando e a chegada da água às casas da cidade do Dondo, uma "vergonha" com 40 anos.

"Mais de quarenta anos depois da independência acabamos a primeira fase do projecto de abastecimento de água à cidade do Dondo. Era uma situação que nos envergonhava. Vencemos uma batalha".

Interrompido por um jovem que pedia o anúncio de uma centralidade, João Lourenço, pouco depois, disse ao jovem que este já se pode ir gabar para o bairro porque pediu e o Presidente deu uma centralidade a Ndalatando.

De facto, João Lourenço anunciou a construção de uma centralidade com 2.000 casas. Se o jovem seguiu o conselho...