"Precisamos de investimento privado e do know how americano para fazermos do continente um grande produtor e exportador de bens alimentares de qualidade para o mundo", sublinhou João Lourenço quando discursava na abertura desta Cimeira.

Segundo o Chefe de Estado, o mundo deve contar e olhar em primeiro lugar para África pela abundância de terras aráveis, de recursos hídricos, de sol e de mão-de-obra jovem, que fácil e rapidamente pode dominar o manejo da maquinaria agrícola moderna e absorver os conhecimentos das mais modernas técnicas de cultivo.

Por isso, entende que um olhar diferente dos Estados Unidos da América para África pode ser a chave destes dois problemas que afligem a economia mundial.

"Sejam pragmáticos e não desperdicem esta oportunidade que se abre para o benefício de todos", desafiou.

Perante o contexto, convidou os empresários americanos a investir com toda a liberdade em todos os domínios das economias africanas, onde os estudos de viabilidade lhes garantirem haver retorno e lucros do seu investimento.

Apontou os sectores da indústria, agro negócio, das pescas, dos recursos minerais, do petróleo e gás, das rochas ornamentais, da imobiliária, da hotelaria e turismo, das telecomunicações e outros, como sendo os que podem receber os investidores norte-americanos.

"O investimento privado ou em parcerias público-privadas na construção e gestão de unidades hospitalares de referência, na produção local de medicamentos e de vacinas será muito bem-vindo e acarinhado pelos governos africanos no geral", indicou.

Este interesse, de acordo com o estadista, estende-se também às universidades e centros de investigação científica, que têm todo o interesse em estreitar contactos e trabalhar com as mais conceituadas instituições americanas do género.

O Chefe de Estado angolano figura entre as entidades governamentais de África convidadas para a cúpula, que vai discutir, durante quatro dias, soluções para impulsionar a cooperação comercial entre norte-americanos e africanos.

A cimeira é uma iniciativa que visa discutir soluções eficazes para impulsionar parcerias comerciais sustentáveis entre os EUA e o continente africano, que se mostra cada vez mais estratégico e prioritário na política externa da Administração norte-americana.

O objectivo principal do encontro é possibilitar que os líderes africanos contactem, de forma directa, os decisores de Governos e do sector privado, a fim de se impulsionar parcerias empresariais sustentáveis entre os EUA e os africanos.

A organização da cimeira prevê levar à mesa temas de importância capital para o fortalecimento de parcerias empresariais mutuamente vantajosas, com particular destaque para o sector do agronegócio.

Espera-se que os países africanos estabeleçam pontes e parcerias para darem maior consistência aos

seus projectos de desenvolvimento, atraindo investidores dos EUA para os campos agrícolas, um dos principais motores de crescimento das economias do continente.

A 16ª Cimeira Empresarial EUA-África servirá para aprofundar a questão das opções de financiamento disponíveis, por meio do Governo dos EUA e de investidores institucionais, assim como de bancos norte-americanos e africanos.

O desafio da dívida pública

O Presidente da República apontou como grande preocupação da maior parte dos países africanos, se prende com o desafio da dívida pública, que condiciona seriamente a execução dos programas de desenvolvimento.

Falando também na qualidade de primeiro vice-presidente da União Africana, João Lourenço defendeu, por isso, que esta dívida deve merecer a atenção das instituições de crédito, de modo que seja estabelecido algum equilíbrio entre as obrigações perante o credor e os imperativos de execução dos programas de desenvolvimento dos países africanos.

Por outro lado, afirmou que um importante vector da relação de África com os EUA é o comércio, no âmbito do qual se têm processado operações com vantagens recíprocas, e a África consegue, por esta via, assegurar receitas consideráveis para a concretização de projectos de desenvolvimento sócio-económico.

Frisou que tem seguido com atenção e interesse o processo de renovação da Lei de Crescimento e Oportunidades para África (AGOA), por se tratar de um mecanismo importante para o enquadramento das trocas comerciais, que pretendemos que seja cada vez mais inclusivo e flexível, para que se possa tirar destes benefícios recíprocos tangíveis.

João Lourenço fez votos de que os resultados dos trabalhos desta cimeira sejam devidamente aproveitados, para "juntos construirmos uma parceria que promova o desenvolvimento económico e social do continente africano e seja, ao mesmo tempo, benéfica para as instituições credoras e investidores privados americanos".

O Chefe de Estado angolano figura entre as entidades governamentais de África convidadas para a cúpula, que vai discutir, durante quatro dias, soluções para impulsionar a cooperação comercial entre norte-americanos e africanos.

Ligação de Cabinda à rede eléctrica nacional

Nesta mesma ocasião, o Presidente João Lourenço avançou que a província de Cabinda será a 11ª a estar ligada à rede nacional de energia eléctrica.

Desta forma, avançou ainda o Chefe de Estado, Cabinda deixará de depender de combustíveis fósseis para produzir energia eléctrica.

Para João Lourenço, esta é mais uma demonstração de que a contribuição de Angola para a transição energética já está a acontecer e, com algum sucesso, vai reduzindo a emissão de carbono para a atmosfera no processo de produção de energia eléctrica.

Notou que 74 por cento da energia produzida em Angola já é de fonte não dependente de combustíveis fósseis, dominando a produção de energia a partir de fontes hidroeléctricas, seguidas das fotovoltaicas.

Neste sentido, informou aos presentes que o país possui três barragens hidroeléctricas e está a construir a maior delas que é a de Caculo Cabaça.

Actualmente, afirmou o Chefe de Estado angolano, o volume de produção está acima dos seis mil megawatts e o desafio, embora o país continue preocupado em aumentar a produção, é fazer chegar esta energia a grande parte dos consumidores angolanos, através das linhas de transporte.

Lembrou que das 18 províncias do país apenas 10 estão ligadas à rede nacional.

João Lourenço referiu que o outro desafio passa pela necessidade de contribuir com esta produção energética para a redução do défice deste produto na região austral do continente africano.

Por isso, deu a conhecer que Angola está a trabalhar com o sector privado e instituições de crédito para financiarem a linha de transportação de energia que vai ligar a rede da SADC, a partir da localidade Ruacaná, na Namíbia, com cerca de 400 quilómetros de extensão.

Está igualmente a convidar os investidores privados a investir numa linha de cerca de 1.300 quilómetros para levar energia da Bacia do Kwanza para os países vizinhos, como a Zâmbia e a RDC, bem como para o Corredor do Lobito.