João Lourenço, que discursava na abertura da 2ª reunião ordinária do Bureau Político do MPLA, afirmou que alguns consideram bons resultados apenas o maior ou menor número de pessoas arroladas, detidas ou condenadas, ou ainda que o Estado já devia ter recuperado todos os activos.

"O que a todos os títulos não é realista", defendeu.

Para o líder do MPLA, embora pareça pouco, foi feito, em dois anos, muito mais do que alguma vez se fez em 43 dos 45 anos de independência nacional.

"O combate à corrupção saiu do mero discurso dos políticos para algo de concreto, visível aos olhos do cidadão, que se tornou parte da solução com denúncias de factos que, uma vez comprovados, podem levar à condenação dos seus autores", vincou.

"Uma vez que o dinheiro criou em alguns a ilusão e falsa sensação de impunidade, não fazendo voluntariamente a devolução dos activos que ao povo angolano pertencem, ao Estado e à Justiça angolana não resta outra escolha senão a de alcançar o mesmo objectivo pelos meios legais ao seu alcance, incluindo a cooperação judiciária internacional", acrescentou.

Para o Presidente do MPLA, " vozes se levantam no sentido de que a luta contra a corrupção está a ser mal gerida, que a melhor saída seria organizar-se um debate no seio do MPLA para se resolver o problema entre eles como se diz na gíria "etu um dieto", (em português "entre nós").

"A luta contra a corrupção não é um problema do MPLA, é um problema dos angolanos, da sociedade no seu todo", declarou, salientando que o debate sobre as grandes questões nacionais é sempre bem-vindo.

João Lourenço lembrou que o País está em paz já lá vão 18 anos, durante os quais os angolanos conseguiram ultrapassar a desconfiança então reinante e vem sendo construída uma sociedade democrática.

"Isto nada tem a ver com a disputa política entre os forças políticas e o direito de uns fazerem oposição ao poder, nos termos da Lei e da ética política", lembrou, acrescentando que os canais de diálogo estão abertos a todos, sobretudo para os líderes partidários representados na Assembleia Nacional.

João Lourenço disse ainda que "ninguém acabou com o Fundo Soberano, ele vai continuar a existir e a servir o fim para o qual foi criado".

"Os Fundos Soberanos não têm de ter necessariamente aquele valor inicial tão elevado, a julgar pela experiência dos países com Fundos Soberanos mais pequenos e melhor geridos", esclareceu, acrescentando que, nesta fase de crise económica, foi usado apenas parte dele para um fim nobre, o de criar infraestruturas sociais.

Relativamente à Covid-19, disse que o Executivo angolano "vem mobilizando não só os recursos financeiros, materiais e humanos necessários, como também todas as forças vivas da nação, todas as vontades e sensibilidades da sociedade civil, que felizmente se sentiram parte da solução, tendo-se tornado actores activos desta luta".

"É assim que para enfrentar e vencer este inimigo, o Executivo não se sente sozinho na trincheira, a sociedade civil organizou e mobilizou esforços, que convergem não só na recolha como na distribuição de bens de primeira necessidade para as pessoas necessitadas", referiu.

Lembrou que o País comemorou este mês o primeiro aniversário do lançamento do Programa Integrado de Intervenção nos Municípios (PIIM), com a inauguração das primeiras obras na província da Huila, a que se seguirão outras em todo o País.

"Quando anunciámos este programa, surgiram vozes contrárias com o argumento segundo o qual estaríamos a comprometer o futuro das gerações vindouras usando recursos do Fundo Soberano. Os mesmos que se insurgiram publicamente contra a mão caridosa das organizações da sociedade civil que distribuíram alimentos aos necessitados, são os que não querem ver o Executivo levar para os municípios os serviços públicos mais próximos", recordou.