Apesar de repetir que nada sabia e nada teve a ver com este caso que está a revirar o mundo dos poderosos de pernas para o ar em várias latitudes, com especial ênfase nos Estados Unidos e no Reino Unido, onde o irmão do Rei Carlos III, André, foi obrigado a abandonar os títulos da realeza, a cada nova revelação a proximidade de Donald Trump a Epstein e aos seus "negócios" fica mais exposta.

Desta feita, num infindável corropio de novas revelações em novos emails, extraídos, alegadamente dos famosos "ficheiros Epstein", que a Administração Trump tudo fez e faz para manter na sombra, apesar de ter feito a sua campanha garantindo que os iria revelar, como avança o britânico The Guardian, esta nova mensagem do magnata pedófilo Jeffrey Epestein revela que, "evidentementem Trump sabia das raparigas".

Recorde-se que Epstein foi detido há alguns anos devido à descoberta da sua rede gigantesca de tráfico de jovens que envolve centenas de personalidades conhecidas do mundo da finança e do poder em vários países, muitos deles já falecidos, tendo sido encontrado morto na cadeia em 2019, num contexto altamente suspeito de "queima de arquivo".

Nesta nova "revelação", o chefe do esquema que envolvia casos graves de pedofilia, que era conhecido pelas suas imensas e luxuosas propriedades e aviões privados a circular por todo o mundo, com raparigas, algumas menores, oriundas, na maior parte, dos países do leste europeu, com passado de modelos ou pretensões a tal, revela mesmo um episódio em que Trump, seu amigo de décadas, "passou horas" com uma dessas jovens vítimas de Epstein.

Numa outra mensagem, surgida na rede social X, publicada pelos democratas no Congresso e revelada pelos media norte-americanos, enviada por Epstein para Michael Wolf, um conhecido jornalista de revistas cor-de-rosa, este pergunta-lhe em 2015 o que deve fazer numa situação em que Trump ia ser entrevistado pela CNN tendo o cronista dito para o "deixar enforcar-se" ao negar algo que sabe ser verdade, referindo-se a viagens do agora Presidente num dos aviões e estadias numa das casas "secretas" do líder do esquema.

Este pacote de mensagens foi revelado e divulgado pelo Partido Democrata na Câmara da os Representantes, que teve acesso ao conjunto dos famosos "ficheiros Epstein" e que agora, claramente, os está a libertar gota a gota para ir desfigurando a narrativa do Presidente norte-americano onde este insiste estar "inocente".

Alias, há mesmo vários analistas que sublinham que o avanço militar sobre as costas da Venezuela com o propósito de decapitar o regime de Nicolás Maduro faz parte de um plano alargado de criar, como tem sido regra - recorde-se o caso Bill Clinton/Mónica Lewinsky e os bombardeamentos no Sudão - para desviar as atenções quando este assunto for já insustentável politicamente.

Face a este cenário dramático para a sua Presidência, Donald Trump pediu hoje aos republicanos para não se "distraírem" com estas falsidades com que "os democratas estão a tentar ressuscitar a farsa de Jeffrey Epstein porque farão tudo para desviar a atenção do quão mal se saíram com a paralisação do governo e tantos outros assuntos".

Na sua rede social, Truth Social, Trump vem dizer ainda que "só um republicano muito mau ou estúpido cairia nesta armadilha", afirmando repetidamente que os democratas são responsáveis pela paralisação do governo e que quererem tirar o foco deste assunto, referindo-se ao "shutdown" que pode ser revisitado aqui.

Alguns analistas citados pelos media norte-americanos mais críticos de Trump colocam já como possibilidade, mesmo que longínqua, o início de mais um processo de "destituição-impeachement" do Presidente dos EUA, como, de resto, esteve longamente presente enquanto ameaça no seu primeiro mandato por obstrução ao Congresso e abuso de poder, embora tenha sempre conseguido derrotar essas investidas legais para o expulsar da Casa Branca.

Histórico

Recorde-se que Epstein foi encontrado morto na prisão em 2019, num suicídio segundo as autoridades, antes de ser julgado por tráfico sexual.

A morte alimentou múltiplas teorias da conspiração, incluindo a de que teria sido assassinado para impedir que denunciasse figuras influentes.

Trump, que durante a campanha presidencial prometeu "revelações bombásticas" sobre o caso, tem agora procurado minimizar o tema, descrevendo-o como "uma farsa orquestrada pela oposição democrata".

Antes de Trump recorrer hoje às redes sociais, a sua porta-voz Karoline Leavitt afirmou que o Presidente "não fez absolutamente nada de errado".

"Estes e-mails não provam nada, excepto que o presidente Trump não fez absolutamente nada de errado", disse numa conferência de imprensa na Casa Branca.

Num comunicado, Leavitt defendeu que os democratas "fizeram chegar selectivamente 'e-mails' aos meios de comunicação de esquerda para fabricar uma narrativa falsa e difamar o Presidente Trump".

"O Presidente retirou Jeffrey Epstein do clube há décadas porque este maltratava funcionárias", afirmou.

Giuffre "afirmou repetidamente que o Presidente Trump não fez nada de errado e que não podia ter sido mais amigável" nas poucas ocasiões em que se cruzaram.

O Governo de Trump divulgou também uma lista de artigos que, segundo a Casa Branca, demonstram a falta de fiabilidade de Michael Wolff e classificam o trabalho do jornalista, como "repleto de erros e imprecisões".