Primeiro impôs-se a luta de libertação nacional, pontificada por António Agostinho Neto, que proclamou a Independência de Angola a 11 de Novembro de 1975 e ficou imortalizado como o "Pai ou Fundador da Nação".

Depois veio a procura da unidade nacional, "armadilhada" por 27 anos de guerra civil, interrompidos em 2002 sob os auspícios de José Eduardo dos Santos, depressa popularizado como "Arquitecto da Paz".

Agora prevalece o desafio da recuperação da economia, que promete ser a grande prova de fogo da governação de João Lourenço, eleito terceiro Presidente da História de Angola nas eleições gerais de 23 de Agosto.

"Há grandes dificuldades, a situação financeira é menos boa devido à queda dos preços do petróleo, mas Angola é um país em paz, um país no qual os cidadãos se têm reconciliado, e isto é uma vantagem perante os 38 anos em que foi Chefe de Estado o meu antecessor, que, durante pelo menos 27 anos, governou em situação de guerra", reconheceu o novo Presidente da República, em entrevista à agência espanhola Efe, antes do anúncio dos resultados definitivos da última votação.

Confiante nos ventos de mudança, o também número dois do MPLA adiantou que o partido pretende concentrar-se "principalmente no desenvolvimento económico e social do país", reiterando o empenho na luta contra a corrupção e nepotismo.

"Uma vez ganhas estas batalhas, vai ser mais fácil captar investimento para o país", disse à Efe, antes de apontar as áreas de acção preferenciais.

"Diversificar a economia é fundamental e indispensável para sobreviver, é imprescindível abrir a nossa economia e esquecermos um pouco o petróleo", salientou o político, reforçando o potencial angolano extra-petrolífero.

O antigo ministro da Defesa referiu mesmo que Angola pode torna-se "uma grande potência agrícola, do tipo do Brasil", prometendo criar incentivos à agroindústria, para impulsionar o sector.

Mais contido nos planos de privatização de empresas públicas que sejam um "peso morto para o Estado", João Lourenço garantiu apenas que a ideia é para avançar, e que o novo Executivo tratará de fazer um estudo "caso a caso".

Ainda na entrevista à Efe, o novo Presidente de Angola declara o objectivo de "preservar e usar" as "conquistas" dos antecessores, Agostinho Neto e José Eduardo dos Santos, reafirmando a intenção de implementar reformas económicas, ao estilo de Deng Xiaoping - secretário-geral do Partido Comunista Chinês e líder político da República Popular da China entre 1978 e 1992, tendo criado o designado socialismo de mercado, regime vigente na China moderna.

"O Presidente Agostinho Neto lutou e conseguiu a independência para o nosso país, o Presidente José Eduardo dos Santos trabalhou para a paz e a reconciliação entre os angolanos, entre outras coisas de bem que fez, e a minha missão será melhorar a economia do nosso país. Se me permitem a expressão, sem querer ser muito sonhador, eu gostaria de passar para a história como o homem do milagre económico de Angola. Eu irei perseguir esse objectivo", revelou João Lourenço, citado pela agência Lusa.