Este relatório foi apresentado hoje por Benedito Daniel, lider do PRS, em nome dos três partidos da oposição, que descreveu assim a situação: "Do balanço feito, temos a lamentar a morte de 23 civis indefesos, 22 ficaram gravemente feridos".

Daniel avançou ainda que "alguns dos feridos encontram-se internados no hospital do Dundo e outros no Cafunfo".

Interrogado sobre a detenção do presidente do Movimento do Protectorado da Lunda Tchokwe, José Mateus Zecamutchima, hoje, quando se deslocou ao Serviço de Investigação Criminal, em Luanda, para prestar declarações sobre os confrontos mortais do dia 30 de Janeiro em Cafunfo, na província da Lunda Norte, o também presidente do PRS, defendeu diálogo como a única via para resolver os problemas.

O dirigente apontou ainda a pobreza extrema em que vive a província como uma das razões para o forte descontentamento social que ali se vive, especialmente pelo contraste com o facto de se tratar de uma região rica em recursos naturais, especialmente em diamantes.

O líder do Grupo Parlamentar da UNITA, Liberty Chiaka, também presente na conferência de imprensa, disse que os fundamentos do Estado de Direito e Democrático "ruíram em Angola" com os acontecimentos de Cafunfo.

"O massacre de Cafunfo junta-se a tantos outros que as forças da ordem levaram a cabo nos últimos anos em Angola", disse Liberty Chiaka, frisando que quando um Governo não consegue resolver os problemas básicos da população "tem de se demitir".

Alexandre Sebastião, Líder do Grupo Parlamentar da CASA-CE, lamentou a posição do presidente da Assembleia Nacional, Fernando Dias dos Santos "Nandó" que declinou qualquer responsabilidade sobre eventuais constrangimentos que envolveram um grupo de deputados da UNITA, na região de Cafunfo, na província da Lunda Norte.

"O deputado só deve pedir autorização do presidente da Assembleia Nacional quando vai de férias ou no exterior. O regimento interno do parlamento não diz que o deputado quando vai ao encontro do eleitorado deve avisar o presidente da Assembleia Nacional", considerou.

A 30 de Janeiro, na vila mineira do Cafunfo, entre duas a três centenas de pessoas tentaram, segundo a versão da polícia e do Executivo, uma "rebelião armada" com objectivos secessionistas, enquanto o Movimento garante que se tratou de uma "manifestação pacífica" à qual as forças de segurança responderam com violência letal.

Nos dias seguintes, foram avançadas várias versões por parte das partes, não existindo até ao momento um relatório independente elaborado por organismos e entidades com provas dadas de imparcialidade na análise deste tipo de acontecimentos em Angola.