O mesmo porta-voz assinalou ainda que "a UE mantém um diálogo regular sobre direitos humanos com as autoridades angolanas, e a violência policial encontra-se entre os tópicos discutidos".

A vila mineira de Cafunfo foi palco de incidentes entre a polícia e populares no passado dia 30 de Janeiro, de que resultaram um número indeterminado de mortos e feridos, estando sob um forte dispositivo das forças de segurança desde essa altura.

Nesse dia, segundo a polícia angolana, cerca de 300 pessoas ligadas ao Movimento do Protectorado Lunda Tchokwe (MPPLT), que há anos defende a autonomia daquela região, tentaram invadir uma esquadra policial, obrigando as forças de ordem a defender-se, provocando seis mortes

A versão policial é contrariada pelos dirigentes do MPPLT, partidos políticos na oposição e sociedade civil local, que alegam que se tratou de uma tentativa de manifestação, previamente comunicada às autoridades, e que os manifestantes estavam desarmados.

Na passada terça-feira, deputados da União Nacional para Independência Total de Angola (UNITA), da Convergência Ampla de Salvação de Angola (CASA-CE) e do Partido da Renovação Social (PRS), oposição angolana, anunciaram que os incidentes de Cafunfo resultaram em 23 mortos, 21 feridos e 10 pessoas desaparecidas, afirmando que as forças policiais "dispararam indiscriminadamente contra os cidadãos".

Na quarta-feira a UNITA reviu estes números, ao divulgar um relatório dos cinco deputados daquele partido que se deslocaram a Cafunfo, mas que foram impedidos pelas forças de ordem e segurança de entrar na vila mineira, referindo que pelo menos 28 pessoas morreram de forma "bárbara, hedionda e fria" e 18 ficaram feridas.

No documento, que contraria a versão de acto de rebelião e fala em protesto com 93 manifestantes, os deputados da UNITA pediram "responsabilidades aos actores do massacre".