"O mandado de detenção de (José Mateus) Zecamutchima foi emitido pelo magistrado do Ministério Público junto do SIC na província da Lunda Norte. Infelizmente ele será transferido para aquela província", disse hoje ao Novo Jornal o seu advogado da defesa, Salvador Freire.

Segundo Salvador Freire, o líder do "Movimento Protectorado Lunda Tchokwe" é indiciado por suspeitas de envolvimento nos crimes de práticas de rebelião e de associação de malfeitores.

"Zecamutchima apesar de ser líder do Movimento Protectorado Lunda Tchokwe, nunca esteve em Cafunfo e apesar de ser da Lunda Sul, é residente em Luanda, e nunca participou em qualquer manifestação organizada pelo movimento", argumentou.

De acordo com o advogado, "no mandado de detenção, a própria PGR na Lunda Norte reconheceu que Zecamutchima vive em Luanda no bairro do Patriota e nunca viveu e nem nunca esteve em Cafunfo".

"O processo não é um processo jurídico. Temos aqui uma questão política. Há muita ilegalidade, não houve uma investigação apurada e isenta das acusações que foram feitas", lamentou o advogado.

"Ele nunca foi contactado quer pela Polícia Nacional, quer pelo Serviço de Investigação Criminal, quer pela Procuradoria-Geral da República. Ele nunca esteve foragido, esteve sempre em Luanda", acrescentou.

Salvador Freire prometeu que "os advogados vão acompanhar o processo e farão uma defesa que se impõe ao seu constituinte como determina a Lei".

"Naturalmente, a detenção feita a Zecamutchima não convence a quem quer que seja", concluiu o também presidente da Associação Mãos Livres.

Recorde-se que "Movimento do Protectorado da Lunda Tchokwé", que luta pela autonomia das Lundas, afirma que a manifestação, apesar de proibida, foi pacífica e ninguém estava armado, acusando os efectivos da Polícia Nacional e as Forças Armadas Angolanas (FAA) de "actos bárbaros" por terem disparado contra cidadãos indefesos.

O balanço sobre de pessoas mortas na manifestação do sábado, 30 de Janeiro, em Cafunfo, município de Cuango, província da Lunda Norte, é contraditório.

A Polícia Nacional fala em seis pessoas mortas e o relatório dos partidos políticos da oposição com assento na Assembleia Nacional, relata que foram mortas 23 pessoas, tendo 22 ficado feridas.