"O Projecto de Lei que vai ser apresentado pelo Grupo parlamentar da UNITA vai dar entrada na Assembleia Nacional com carácter de urgência" disse esta quinta-feira, 18, o líder do Grupo Parlamentar da UNITA.

Liberty Chiyaka referiu que o poder local não é a única forma de se ultrapassarem os problemas da população, "mas é a melhor", porque o modelo de concentração do poder, de centralização administrativa, que Angola implementou durante 50 anos, "falhou".

Em conferência de imprensa, que serviu para apresentar o balanço das jornadas municipais realizadas de 08 a 12 de Abril corrente em todo o País, o dirigente do partido do "Galo Negro" referiu que, nas jornadas, os deputados juntaram-se ao povo nas consultas para melhor perceber as preocupações das comunidades, tendo em vista as autarquias.

"Os objectivos foram integralmente alcançados. O povo demonstrou a sua habitual hospitalidade, cortesia e forte entusiasmo ao longo das jornadas. Dialogamos com toda a gente, autoridades tradicionais, autoridades eclesiásticas, comerciantes, empresários, estudantes, professores, jovens e idosos, homens e mulheres, de todas as convicções políticas, filosóficas e religiosas. Visitamos hospitais, orfanatos, escolas (...) e mercados", balanceou o líder do Grupo Parlamentar da UNITA.

"Sentimo-nos felizes por partilhar com algumas famílias, individual e colectivamente, mais de 100 toneladas de bens diversos, medicamentos, cobertores, vestuário, adubos, alimentos como farinha de milho, óleo alimentar, arroz, massa alimentar, sal e até água", acrescentou lamentando terem dificuldades para doar bens nas províncias do Bié e Kwanza Sul.

Segundo o deputado, nas províncias que visitaram, constataram que a incapacidade das famílias em fazer face à crise actual, deve-se essencialmente a três factores combinados, nomeadamente o ajustamento do preço real do kwanza face ao dólar e ao Euro, para não reduzir os rendimentos das grandes empresas importadoras, a diminuição dos subsídios à gasolina, para satisfazer às exigências do FMI e não ajustamento dos rendimentos dos trabalhadores angolanos aos efeitos perversos daquelas duas medidas no seu poder de compra.

"Constatámos que de um modo geral, os angolanos amadureceram e querem mesmo uma mudança de vida. É convicção geral que o sistema actual esgotou e já não tem conserto. Está além de qualquer reforma ou revisão. Angola precisa de um novo sistema de governação, uma nova economia, uma nova cultura de governação. Não encontramos ninguém, que defenda três mandatos para o exercício de um cargo executivo pelo mesmo cidadão! Ninguém quer isso", acrescentou.

Lembrou que, a tentativa de homicídio frustrado, organizada por "milícias do regime" na província do Kuando Kubango, não reduziu em nada o balanço altamente positivo destas jornadas parlamentares.

"Entendemos que os fundamentalistas em causa são vítimas do sistema e do obscurantismo que ele constrói infelizmente para manter a grande maioria dos angolanos refém da pobreza e do neocolonialismo", frisou.

Relativamente às autarquias lembrou que a Proposta de Lei para a Institucionalização das Autarquias, do Governo, deu entrada na Assembleia Nacional em 2017 e passados sete anos ainda não foi aprovada "porque falta vontade política" do MPLA.