Trata-se de duas áreas em que o trabalho de produção de brita é feito, na maior parte, por crianças entre os sete aos 16 anos, um ofício que eles admitem ser "perigoso" para a integridade física, havendo relatos de ferimentos e mutilações.

Em entrevista à ANGOP, a responsável pela Área de Protecção à Criança do INAC, Olga Bartolomeu, afirmou que a situação é "grave", pois muitas dessas crianças estão privadas da escola e de seus direitos, a pretexto de estarem a "ajudar a prover a renda familiar".

Explicou estar em curso uma campanha de sensibilização, assim como a criação de projectos com as administrações de bairro, as autoridades tradicionais e as famílias, de maneira a prevenir a exploração da mão-de-obra infantil, sobretudo em trabalhos "perigosos", como é o caso.

O objectivo das acções do Instituto, conforme a fonte, é combater o envolvimento de menores nesses trabalhos, acção de sensibilização que se incide sobre às famílias e os compradores desse material útil à construção, para que neguem ofertas de mão-de-obra de menores e desencorajem a opção pelo ofício.

Segundo a fonte, a estrutura vocacionada à defesa e protecção da criança no trabalho infantil, tem a Inspecção Geral do Trabalho (IGT) como coordenador e o INAC é adjunto, tendo já visitado esses locais e identificaram duas pedreiras, a Mapunda e a do Cristo Rei, sendo esta última tida como a mais perigosa.

Olga Bartolomeu assinalou que a estatística de crianças envolvidas é variável, está entre 20 e 50, por dia, lamentando que algumas famílias contactadas não abdicam do "auxílio" dos filhos menores do trabalho, porque, esses pais, a crianças "têm que ajudar a fazer qualquer coisa".

A maior parte dos menores é órfã e diz que ajuda a prover renda familiar

José Maria, de 13 anos, um dos menores entrevistado, afirmou que trabalha na pedreira para ajudar a sustentar a famílias, usando marretas e ferro para desfazer fragmentos grandes, num horário que vai das sete às 16 horas, tendo como provento semanal seis mil kwanzas, que são entregues aos pais.

Disse que parte rochas na pedreira da Mapunda há um ano, junto da avó, primos e tias, tendo deixado de frequentar a escola na 7ª classe para ajudar a cobrir as despesas de casa.

Frederico Kundy, tem 11 anos, parou seus estudos na 4ª classe por "falta de condições" e trabalha na pedreira da Mapunda há um ano para ajudar a mãe, porque o pai morreu.

Outra menor é Maria Baieta, diz ter 11 anos e estuda a 6ª classe no período da tarde, mas tem de estar a manhã toda na pedreira com a mãe e irmãs, trabalho que já executa há três anos.

Mais de 200 famílias residentes no bairro da Mapunda, vivem do trabalho de exploração de inertes, sendo a maior parte delas desestruturadas. A produção de brita, no sopé da velha cordilheira, é a principal opção, havendo relatos de casos de cegueira por fragmentos de rochas e mutilações de membros por uso de material como marretas, picaretas e martelos.