Segundo a Rádio Nacional de Angola (RNA), que cita fonte da Procuradoria-Geral da RepúblicaGR, a acusação foi concluída na semana passada por magistrados do Ministério público.

De acordo com a fonte da RNA, os dois generais são acusados de terem beneficiado de contratos celebrados entre o Estado angolano e o China International Fund (CIF) no âmbito do extinto gabinete de Reconstrução Nacional.

Segundo a fonte da RNA, os dois generais podem requerer a abertura de instrução.

Os nomes dos generais Hélder Vieira Dias "Kópelipa" e Leopoldino Fragoso do Nascimento "Dino" têm sido apontados pela imprensa como sendo os verdadeiros proprietários da empresa China International Fund, que viu apreendidos, pelo Serviço Nacional de Recuperação de Activos da Procuradoria-Geral da República, a 17 de Fevereiro de 2020, os edifícios CIF Luanda One e CIF Luanda Two, localizados na Avenida do 1º Congresso do MPLA, na Ingombota, Luanda.

Também em Fevereiro de 2020, no âmbito do processo de recuperação de activos em Angola, a Procuradoria-Geral da República mandou apreender vários edifícios na posse da empresa, incluindo a sede do grupo, situada na baixa de Luanda.

Tratava-se de 24 edifícios, duas creches, dois clubes náuticos, três estaleiros de obra e respectivos terrenos adjacentes, numa área total de 114 hectares, localizados na urbanização Vida Pacifica, no distrito urbano do Zango, Município de Viana, Luanda.

E também de 1.108 imóveis inacabados, 31 bases de construção de edifícios, 194 bases para construção de vivendas, um estaleiro e respectivos terrenos adjacentes, numa área total de 266 hectares, localizados no distrito urbano do Kilamba, Belas, na província de Luanda.

De sublinhar que o China International Fund Angola foi a primeira entidade gestora de obra do novo aeroporto internacional de Luanda e, que, em Abril de 2019, a PGR, através do DNIAP, já tinha recuperado cerca de 286 milhões de dólares na sequência de um inquérito que surgiu após uma fiscalização às obras do aeroporto.

O Novo Jornal consultou, em 2020, as escrituras do China International Fund CIF. A primeira, de constituição da empresa, datada de 2008, tem como representantes legais Maria de Lourdes Roque Caposso Fernandes, em representação de uma offshore, Plansmart International Limited, com sede nas Ilhas Virgens britânicas, e Paula Andresa Custódio e Silva Inglês, em representação da sociedade Utter Right International Limited, também com sede nas Ilhas Virgens britânica. As sociedades têm ambas como morada a caixa postal nº 957, no centro offshore incorporations.

Em 2018, nova escritura dá conta da entrada de um novo sócio: a empresa IF - Investimentos Financeiros SGPS, SA, com sede em Luanda, no Bairro Nova Vida. O acto foi representado por Samora Borges Sebastião Albino, nome que surge ligado ao escândalo "Paradise Papers". Sobre os sócios da empresa IF - Investimentos Financeiros não há qualquer informação na escritura lavrada em 2011.