Naquela altura o menino estava com nove anos e o sequestrador com 16, e, segundo o porta-voz do Serviço de Investigação Criminal na Kwanza-Sul, Tomás António, o acusado, antes de sequestrar a criança, começou a acompanhar a sua rotina diária, sobretudo os locais onde brincava até se familiarizar com o petiz.

E a ocasião chegou no dia em que o menor, em companhia dos seus amigos, foi jogar futebol no campo do sector administrativo do Fuca-Huma, onde foi interpelado pelo seu raptor, que o iludiu, dizendo que iriam a Luanda comprar uma nova bola de futebol para a sua equipa.

O menino, sem noção de que estava a ser sequestrado para ser iniciado o mundo do crime, aceitou o convite e ambos partiram para Luanda, onde o delinquente o começou a treinar. Durante meses circularam nos arredores da cidade, roubando os populares, conta o SIC, que acrescenta que no local onde moravam, havia uma mulher que falava a língua materna (kimbundo) do menino e às vezes conversavam.

"O sequestrador, com desconfiança de que o menino pudesse dizer alguma coisa à mulher, mudou-se com ele para a província da Huíla, onde ambos realizaram assaltos em residências e na via pública.

Durante estes três anos, a dupla fez uma ronda pelas províncias do Kuando Kubango, Moxico, Bié, Huambo e Benguela, onde realizou igualmente acções criminosas.

Na última semana, os dois foram para o Kwanza-Sul, onde acabaram detidos, numa altura em que tentavam roubar dinheiro que estava nas bolsas das "kínguilas", no mercado informal do município da Cela.

Foi aí que as autoridades ficaram a saber a história do menino que havia sido raptado em 2021 pelo jovem.

Ambos estão sob custódia do SIC na província do Kwanza-Sul, enquanto diligências prosseguem para se apurar a veracidade dos factos.