Os elefantes, espécie em vias de extinção no continente africano, têm, no entanto, visto crescer o número e a dimensão das suas manadas na África Austral, desde logo na Namíbia e no Botsuana, este país com mais de 130 mil elefantes no seu território, a maior concentração do mundo.

Como o Novo Jornal noticiou, o Botsuana e a Namíbia têm, nos últimos anos, procurado, por causa da seca, como aconteceu ainda no Zimbabué, do excesso de população... vencer as densas muralhas legais internacionais para poderem abater elefantes de forma a vender o marfim legalmente, mas a forte oposição global tem permitido poupar milhares desde bons gigantes.

As razões aduzidas para justificar os abates são a extensão da seca, o confronto com os agricultores e o aumento no número de animais devido às políticas conservacionistas de Gaborone e Windhoek, essencialmente criadas para gerar dividendos no turismo, sendo os elefantes a espécie, a par dos outros "big five - cinco grandes", o bufalo, o leão, o leopardo e o rinoceronte, mais procurada pelos turistas da natureza em África.

No entanto, como tem sido alvo de forte oposição internacional, a abertura da caça e o abate comercial de elefantes foram, na generalidade, travadas nestes países, agora, a solução está a passar pela venda de animais e pela tentativa de reactivar as antigas rotas migratórias - cortadas pelos conflitos militares e pela criação intensa de gado - que permitam às manadas voltar a territórios como o sul de Angola ou o norte/oeste da Zâmbia, de forma a baixar a densidade das manadas que estão a gerar conflitos com os fazendeiros do botsuana e da Namíbia.

Face a estes cenários, o Governo de Windhoek colocou à venda 170 elefantesselvagens - nos últimos anos têm sido feito vendas de outras espécies, como o búfalo-do-cabo -, sendo que, segundo as regras impostas pelo Ministério do Ambiente local, os elefantes serão entregues mediante o compromisso restrito para com um conjunto de regreas que salvaguardem os animais para o futuro, seja nas reservas nacionais, seja no estrangeiro.

Mas a Namíbia, devido à extensa área árida de que é composto este país, com escassas zonas verdes a norte e a nordeste, viu os seus elefantes crescerem em número de 7.500 há duas décadas para próximo dos 25 mil actualmente, o que levou o país a tentar, sem sucesso, aliviar as restrições constantes do pacto internacional de protecção de espécies em vias de extinção (CITES).

Angola começou a monitorizar migração de elefantes no Parque do Luengue

Especialistas de biodiversidade angolanos e namibianos começaram hoje a colocar coleiras de GPS a oito líderes de manadas de elefantes identificados no Parque Nacional do Luengue, província angolana do Cuando Cubango, para controlo da sua movimentação.

Angola começou a monitorizar migração de elefantes no Parque do Luengue

Em declarações à agência Lusa o responsável pela comunicação da administração municipal do Rivungo, André Kuvuandinga, disse que a actividade teve hoje início com a identificação de oito elefantes, líderes de oito manadas.

Segundo André Kuvuandinga, este trabalho deverá durar dez dias e inclui especialistas de dois dos cinco países que fazem parte do projecto Okavango/Zambeze (KAZA), que integra também o Botsuana, Zimbabué e a Zâmbia.

A colocação deste dispositivo nos mamíferos visa controlar a sua migração de um país para outro, podendo-se assim "delimitar o território onde chegam os elefantes de Angola, ou seja, de cada país que está envolvido no projecto".

O regedor da comuna do Luiana, município do Rivungo, França Cerera, citado numa nota da administração comunal, questionou a insuficiência de fiscais, tendo em conta a dimensão do parque, defendendo a necessidade de recrutamento de mais efectivos para o combate à tentativa de caça furtiva dos animais.

Por sua vez, o director do gabinete provincial do Ambiente, Júlio Bravo, disse que foram identificadas quatro zonas de maior circulação de elefantes, que são o corredor do Cuando, Bua-Buata, Pico de Angola e o interior do parque.

André Kuvuandinga salientou que, até 2010, aquela zona foi muito afectada pela caça furtiva.

O Projecto KAZA, lançado em 2013, é desenvolvido nos cinco países africanos com a maior população de elefantes, ocupando uma área com mais de 519 mil quilómetros.

O parque do Luengue, localizado na comuna do Luiana, município de Rivungo, foi fundado em 2011 e ocupa uma área de 22.610 quilómetros quadrados, estendendo-se da reserva parcial do Luiana até às antigas coutadas públicas de Longa.

Entre os vários animais existentes no parque, destaca-se a presença de elefantes, búfalos, leões, nunces, antilopes e palancas.