Aos jornalistas, os habitantes do edifício que agora ruiu asseguram não haver moradores hospedados em hotéis e que todos foram para casas de familiares, apesar de ter havido vontade do proprietário do prédio em querer hospedá-los num hotel, mas os acordos não surtiram efeitos desejados.

"As 18 famílias que moravam no prédio 41, de seis andares da Avenida Comandante Valódia, que desabou, perto das 02:30, na madrugada deste sábado, não foram transferidos para nenhuma unidade hoteleira", contam os visados.

Délcio Mateus e Marta Miranda, dois dos vários moradores com quem o Novo Jornal conversou no local, disseram que o edifício apresentava fissuras desde o ano passado e os moradores entraram em contacto com o proprietário do edifício mas sem a reacção adequada.

Questionados se foram evacuados pelos bombeiros, face ao perigo, responderam que não, salientado que em função da perigosidade, demonstrada por um dos pilares de sustentação do prédio, na sexta-feira os moradores decidiram abandonar o mesmo por volta das 16:00.

"Nós é que nos mobilizamos! Só depois é que a administração local, a Polícia Nacional e os bombeiros apareceram, mas já não havia ninguém no prédio", descrevem.

Perguntados se há possibilidade de existirem pessoas no prédio, os moradores responderam que não, em função dos avisos.

"Esse prédio tinha dezenas de anos. É verdade que precisava de manutenção e intervenções de modo a evitar esse desastre", contou Délcio Mateus, membro da comissão de moradores.

Adriano dos Santos, outro morador, explicou ao Novo Jornal que agora os moradores querem saber onde vão ficar a morar, visto que estão sem tecto próprio, estando todos em casa de familiares.

Segundo este morador, não foram para uma unidade hoteleira porque queriam ficar nas proximidades do edifício para acompanharem de perto a retirado dos seus pertences, embora reconheçam que lhes foi indicado um hotel mas que recusaram por não ter condições.

"Por isso não concordamos! A sugestão que apresentamos foi que poderíamos ficar no Hotel Tropicana Luanda, próximo ao nosso prédio, mas não se chegou a acordo", disse Adriano dos Santos.

Entretanto, os moradores dizem que a empresa proprietária do edifício até agora ainda não entrou em contacto com os residentes e que não sabem o que vai acontecer nos próximos dias.

Bombeiros garantem que até agora não há resisto de vítimas mortais

O porta-voz nacional do Serviço de Protecção Civil e Bombeiros, Félix Domingos, fez saber em conferência de imprensa que até ao momento não foram identificadas vítimas humanas e garantiu que existem poucas hipóteses de ocorrer.

"Não há vítimas humanas. Tal como se pode calcular, não temos nenhuma indicação de que tal possa suceder", disse, acrescentando que existe "uma comunicação muito directa com a comissão de moradores do mesmo edifício que também dá conta de que foi possível evacuar os moradores do edifício na sua totalidade", esclareceu o superintendente dos bombeiros.

Falta de manutenção, infiltrações e problemas de drenagem

A empresa de fiscalização e consultoria de obras de construção "Vias do Bem", que efectuou um levantamento ao estado técnico do edifício que desabou na madrugada deste sábado, 25, na Av. Comandante Valódia, em Luanda, assegurou à Rádio Nacional de Angola que foi a falta de manutenção, infiltrações e problemas de drenagem as causas do desabamento, tal como o Novo Jornal já havia avançado durante a manhã (ver aqui)

Edmundo Sapalalo, engenheiro civil da empresa "Vias do Bem", garantiu que a equipa técnica notou na passada segunda-feira,20, fissuras acentuadas ao nível dos pilares.

"A primeira coisa que recomendamos ao dono foi evacuar as pessoas que lá moravam porque o edifício apresentava graves riscos de desabamento. Esta foi a primeira medida", contou o engenheiro civil.

"Vimos também um nível de infiltrações muito alto, problemas nas rede e drenagem que se infiltrou nas partes das bases, pilares e paredes, atacou as fissuras e destruiu o aço, prejudicando assim a estrutura do edifício", contou.

Conforme este especialista, os dois edifícios vizinhos correm também risco de desabarem e apelou para que se faça, urgente, uma evacuação aos moradores para ser feito um diagnóstico.

O Novo Jornal, que no local acompanha os trabalhos da remoção dos escombros, constatou que os dois edifícios vizinhos estão, de momento, sem moradores no seu interior em função do trabalho que esta a ser feito no local pelos bombeiros.

O porta-voz nacional do Serviço de Protecção Civil e Bombeiros, Félix Domingos, disse ao Novo Jornal que estão mobilizados mais de 250 efectivos das forças de defesa e segurança para trabalharem no local.

Proprietária do prédio acusa vizinhos e promete agir em conformidade

Em comunicado de imprensa, o "Fundinvest", a empresa dona do edifício "41", que por volta das 02:30 de hoje ruiu na Av. Comandante Valódia, salienta que, de acordo com os factos até agora apurados, não existiram quaisquer vítimas humanas do colapso do edifício.

Segundo a empresa, a causa do desabamento foi, possivelmente, uma ruptura da tubagem nas redes de distribuição de água do edifício vizinho que contribuiu para a perda de capacidade de suporte nas fundações do prédio.

Conforme a "Fundinvest", os moradores já foram temporariamente realojados e garante que está a trabalhar para obter mais informações sobre o que esteve por detrás do desmoronamento do prédio para agir em conformidade.