O presidente do Sindicato Nacional de Professores diz mesmo que "a adesão superou todas as expectativas e que mesmo nas províncias onde, em 2017, houve fraca adesão, este ano ultrapassaram os 50%, como são os casos do Huambo, de Benguela, do Bié, do Kuando Kubango, e do Muxico".

"Por outro lado, há províncias em que a adesão só não atingiu os 100% porque há professores que exercem o cargo de gestores das escolas e esses estão a trabalhar", garante.

Guilherme Silva diz ainda que o comunicado "musculado" emitido pelo Ministério da Educação veio ajudar à união dos professores, depois de estes terem sido desrespeitados pela tutela.

"O facto de o Ministério da Educação chamar antipatriotas aos professores veio ajudar à união da classe, porque nós sentimo-nos desrespeitados. Esta luta não é de hoje. Querem tratar-nos como animais domésticos, como se fossem os nossos donos, mas não o permitiremos", declara.

Segundo o presidente do SINPROF, o Ministério ainda não deu qualquer resposta às reivindicações dos professores, que exigem a actualização das carreiras.

"O Ministério continua a dizer que a sua prioridade é contratar novos professores e que a actualização das carreiras dos profissionais será resolvida paulatinamente. Nós não aceitamos isso. Porque, se assim for, haverá professores licenciados (e alguns mestres) que exercem a profissão há mais de 20 anos a ganhar entre os 49 mil e os 73 mil kwanzas enquanto que aqueles que serão contratados agora irão receber um salário de 214 mil. Isso não é justo", remata.

UNITA vem a terreiro defender o direito à greve e recomendar ao Executivo que satisfaça as reivindicações dos professores

A direcção da UNITA manifestou, em comunicado, a sua solidariedade para com a greve desencadeada ontem pelos professores em todo o país e considera legítimas as reivindicações dos docentes, incluindo a aprovação de um novo estatuto da carreira docente, a actualização das categorias dos professores em serviço e o problema da não transição dos professores do regime probatório para o quadro definitivo.

O partido do "Galo Negro" recomenda, no mesmo comunicado, "para se minimizar os efeitos nefastos sobre os alunos e sobre a sociedade em geral", que o Executivo "tome uma atitude negocial que satisfaça ambas as partes e tenha em atenção que prolongadas greves por insatisfação dos professores agrava ainda mais o já débil sistema de educação e ensino no país".

"No nosso país, são numerosos os problemas que afectam o ensino e outros sectores sociais pelo que se espera que as atitudes musculadas, habitualmente utilizadas no passado, não sejam novamente postas em prática", pode ler-se na mesma nota em que o maior partido da oposição encoraja os professores a "prosseguirem a sua luta pela reivindicação legítima dos seus direitos, constitucionalmente consagrados".