Em Agosto de 2019, o Presidente da República deu orientações para a rescisão do contrato com a Aenergia AS, responsável até à data pela assistência de várias barragens angolanas. Eram ao todo 13 contratos assinados em 2017 pelo ex-PR José Eduardo dos Santos. A decisão de João Lourenço prendia-se, de acordo com o despacho 155/19, com um conjunto de irregularidades "por parte da Aenergy S.A., designadamente a aquisição de quatro turbinas no âmbito do financiamento GE (General Electric) Capital, Limitada, sem que estas tivessem sido previstas nos contratos celebrados com o sector, em violação ao princípio da boa-fé e a quebra de confiança, tidos como elementos essenciais numa relação contratual e de prossecução do interesse público".
Depois disso, o Chefe de Estado, no despacho 154/19, entregou a assistência técnica e a fiscalização da construção do aproveitamento hidroeléctrico de Laúca, por 13,7 milhões de euros, ao consórcio constituído pelas empresas COBA- Consultores de Energia e Ambiente SA e Lahmeyer International GMBH. Agora, João Lourenço determina o alargamento do prazo, o que custará mais 1.045.324,38 euros aos cofres do Estado.
Com uma capacidade global de 2 070 megawhatts eléctricos (MWe), o Aproveitamento Hidroeléctrico de Laúca (AHL), localizado no rio Kwanza, na província de Malanje, Laúca, é, em funcionamento pleno, uma das maiores barragens da África Austral, ultrapassando mesmo Cahora Bassa, em Moçambique (1 920 Mw), deixando para trás as outras duas grandes barragens nacionais, Cambambe e Capanda, esta última com limite de produção nos 520 mw.
Paralelamente aos benefícios associados à produção de electricidade nas suas duas centrais, a barragem criou também um grande lago artificial no Médio Kwanza, que contribuiu para a regularização dos caudais naturais, adicionando valor para a exploração do Aproveitamento Hidroeléctrico de Cambambe e para os futuros empreendimentos económicos e sociais a construir na faixa entre Laúca e Cambambe.
Esta barragem, cujo investimento total, estimado em 4,5 mil milhões de dólares, valor suportado pelo Estado, teve no financiamento brasileiro o impulso decisivo, ainda tremeu depois de ter estado envolvida na complexa teia da corrupção brasileira do processo Lava Jato, que levou o Banco Nacional de Desenvolvimento Económico e Social (BNDES) a anunciar em Outubro de 2016 que estava suspensa a sua participação em projectos angolanos, entre os quais o da Laúca.
Em 2017, já no Governo de João Lourenço, foram autorizados, em Dezembro, dois acordos de financiamento no valor total de 415 milhões: 150 milhões de dólares financiados pela GEMCORP, um fundo de investimento com sede em Londres e com o foco da sua actividade nos mercados emergentes, 220,5 milhões pelo Standard Chartered Bank (SCB).
Em 2019, o Presidente Lourenço deu luz verde ao Ministério das Finanças para a assinatura de um novo acordo de financiamento entre o Estado Angolano e a Gemcorp, no valor de 400 milhões de dólares, "para a cobertura das despesas incorridas com a implementação do Projecto do Aproveitamento Hidroeléctrico da Laúca". Este empréstimo, justificado no diploma de 28 de Outubro de 2018 com a "necessidade de se garantir os recursos financeiros para assegurar a implementação do Projecto do Aproveitamento Hidroeléctrico de Laúca".