No vídeo é claro que se tratou de um crime premeditado, porque este método de eliminar pessoas é comum em ataques à distância, porque permite atingir um alvo directamente e eliminar de seguida as pessoas que se apressam a socorrer as vítimas do primeiro ataque, pressupondo a sua cumplicidade.
Isso está registado em múltiplas situações de ataque através de drones assassinos israelitas e norte-americanos em áreas ocupadas por jihadistas, como na "guerra ao terror", após o 11 de Setembro de 2001 ,onde alvos da al qaeda, e depois do daesh/isis, eram eliminados, e ainda são, desta forma planeada ao milímetro.
Agora, Israel aplicou a mesma táctica para assassinar mais um grupo de jornalistas, desta feita da Al Jazeera, da Reuters, da NBC, da Associated Press e do palestiniano Quds Feed Network, apenas uma semana depois de, igualmente num hospital de Gaza, terem sido eliminados, com um míssil teleguiado, seis repórteres, quase todos da Al Jazeera.
Os jornalistas abatidos são Mohammad Salama, fotojornalista e cameraman da Al Jazeera, Hussam al-Masri, Cameraman/fotografo da Reuters, Mariam Abu Daqqa, jornalista da Independent Arabia e da Associated Press, Moaz Abu Taha, Jornalista da NBC, Europa Press, e El Periódico, e Ahmed Abu Aziz, jornalista do Quds Feed Network e freelancer.
A diferença é que no assassinato dos jornalistas de há uma semana, as únicas imagens foram captadas após o ataque à tenda onde estes estavam, e, desta feita, no Hospital Nasser, uma televisão jordana, a AlGhad TV, estava a transmitir em directo o primeiro ataque quando apanhou os cinco jornalistas a serem assassinados pelo projectil israelita.
Com mais este ataque a jornalistas, no qual morreram outras 15 pessoas, na maioria médicos e socorristas, mas todos civis, já foram eliminados pelo regime genocida de Israel - como a justiça internacional subvenciona, e vários países acusam -, e com o propósito claro de esconder do mundo o terror em Gaza, cerca de 250 profissionais da comunicação social.
Mas este caso tem a particularidade de ser o único que foi filmado "live" com um grupo tão grande de jornalistas e pessoal médico, o que levou um correspondente na Casa Branca a perguntar em directo ao Presidente Donald Trump o que tinha a dizer sobre o crime de guerra presente nos ecrãs de todo o mundo.
A resposta do Presidente norte-americano foi que desconhecia e que não gosta deste tipo de situações e que é por isso que procura acabar com a guerra em Gaza, embora sejam os EUA que fornecem a quase totalidade das armas usadas pelas IDF para chacinar a população civil de Gaza.
Também o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyhau, em Telavive, depois de ter visto o "erro" que foi matar tanta gente quando o local da matança estava a ser filmado em directo, mandou dizer que se tratava de uma operação mal calculada e que iria ser investigada.
O retrato do jornal britânico The Guardian, insuspeito de ser pró-Hamas, vem relatar desta vez que o ataque decorreu como está descrito acima, neste texto, com a metódica planificação para atingir o alvo definido num segundo ataque, sabendo claramente que os jornalistas iriam para o local da primeira explosão.
Os media internacionais visados, Associated Press, Reuters e Al Jazeera, embora todos os jornalistas assassinados neste ataque ao principal hospital do sul de Gaza, fossem palestinianos, exigiram já que os autores do ataque sejam responsabilizados, ao mesmo tempo que as várias organizações de jornalistas internacionais, incluindo a Repórteres Sem Fronteiras, que é claramente pró-israelita, criticam duramente Telavive, advogando também uma investigação independente e célere, como as Nações Unidas.
O The Guardian, como quase todos os media internacionais, que começam agora, perante as atrocidades cometidas por Israel, a mostrar um incómodo crescente, nota que Israel tem um longo registo de ataques a hospitais de Gaza alegando, sem nunca o provar, que estes servem de refúgio para militantes do Hamas e da Jihad Islâmica.
Estes dois grupos de resistência à ocupação israelita da Palestina, que foram responsáveis pelo assalto ao sul de Israel de 07 de Outubro de 2023, onde deixaram um rasto de morte de mais de mil pessoas e levaram mais de 200 reféns para Gaza, considerados terroristas pelos aliados ocidentais de Telavive, sempre negaram o uso das unidades hospitalares como protecção.
O conflito em Gaza é já detentor do recorde absoluto em jornalistas mortos em serviço, sendo que tem ainda a particularidade de a maior parte deles, como tem sido repetido por várias ONGs internacionais e organizações destes profissionais, numa como nesta guerra os jornalistas foram alvejados premeditadamente.
A Faixa de Gaza é um território com apenas 365 kms2, ao longo de 40 kms de extensão por dez de largura, em média, encostado ao Mar Mediterrâneo Oriental, habitado por 2,2 milhões de habitantes, ostentando uma das maiores densidades populacionais do mundo.
Nesta exígua língua de terra palestiniana já morreram, desde 07 de Outubro, no decurso da invasão israelita para caçar os combatentes do Hamas e libertar os reféns, mais de 65 mil pessoas, na maior parte crianças e mulheres (pelo menos 45 mil), e todo o património edificado, incluindo edifícios da ONU, foi destruído ou está substancialmente danificado, onde nem sequer os hospitais e escolas escaparam a fúria israelita.
E, apesar da destruição e da mortandade realizada pelas IDF, com o apoio da Força Aérea, onde se destacam os F-35 norte-americanos, dos aviões mais sofisticados do mundo, da marinha e de milhares de peças de artilharia, quase 100% material norte-americano, nenhum dos objectivos anunciados em Outubro de 2023 por Benjamin Netanyhau foram cumpridos.
Estes eram a destruição total do Hamas e da Jihad Islâmica, que continua a atacar as unidades militares israelitas, a libertação de todos os reféns, embora pelo menos 50 ainda estejam em cativeiro e os que foram libertados foram-no no âmbito de negociações mediadas pelos EUA, Catar e Egipto, ou morreram nos ataques das IDF, e fazer de Gaza um local seguro para Israel, o que está longe de ser uma realidade.
Essa é a razão pela qual Netanyhau anunciou recentemente a invasão total da Cidade de Gaza e os seus ministros mais radicais, o das Finanças, Bezalel Smotrich, e o da Segurança Nacional, Itamar Ben Gvir, tenham dito, e digam repetidamente, que o objectivo final é a destruição total de Gaza e fazer deste território, que já foi ocupado durante décadas, até 2005, por Israel, um extenso colonato à beira mar...
A justiça internacional, como o Tribunal Penal Internacional e o Tribunal de Justiça Internacional, já confirmaram a existência de indícios sérios de genocídio em Gaza, crimes pelos quais o primeiro-ministro Netanyhau é alvo de um mandato internacional de captura, a ONU decretou a existência de fome generalizada e várias ONGs denunciam uma tentativa de expulsar mais de 2 milhões de pessoas para "os países árabes da região".
Quase todos os países europeus criticaram este ataque e as suas consequências trágicas, incluindo alguns aliados férreos de Telavive., como a fiel Alemanha e o indefectível Reino Unido