Esta descida é justificada como "resultado do contínuo e rigoroso controlo da liquidez, da apreciação do kwanza em relação às principais moedas utilizadas nas transacções com o exterior e do aumento da oferta de bens essenciais de amplo consumo".

Num comunicado divulgado na sua página oficial, o BNA anunciou ainda que avançou com uma "redução da taxa de juro da Facilidade Permanente de Cedência de Liquidez de 23% para 21%".

O BNA, após a reunião do seu Comité de Pol+itica Monetária. Anunciou ainda que vai "manter inalterada a taxa de Juro da Facilidade Permanente de Absorção de Liquidez em 15%".

Isto foi decidido considerando, avança ainda o Banco Cenral, o contexto externo e interno, onde destaca a "exposição da economia angolana ao sector petrolífero e ao peso dos bens alimentares importados no cabaz de oferta ao mercado interno".

"O Banco Nacional de Angola continuará a acompanhar de perto os desenvolvimentos internacionais mais impactantes sobre a nossa economia, de modo a poder actuar atempadamente caso a evolução justifique", explicou.

E lembrou o risco que resulta de um quadro global onde as grandes economias continuam "a observar taxas de inflação elevadas, provocadas pelo conjunto de medidas tomadas para contrariar os efeitos da pandemia da Covid-19 e pelo choque negativo dos preços dos combustíveis e dos alimentos, em consequência de um contexto internacional influenciado pelo conflito militar no leste europeu (Ucrânia)".

Face a esta situação, os bancos centrais têm vindo a optar por políticas monetárias com sentido contracionista, operacionalizadas principalmente através do aumento continuado das taxas de juro de referência, o que, para o BNA, justifica as medidas agora anunciadas.

Mas o BNA deixa um animador consenso no comité de que, "no plano nacional, os fundamentos macroeconómicos continuam animadores" face ao benefício sentido "pelo sector externo da economia" que tem tem vindo a beneficiar da melhoria dos termos de troca, com a conta de bens a registar um saldo superavitário de 23,3 mil milhões de dólares norte-americanos em termos acumulados até Agosto de 2022, um aumento de 78,5% comparativamente a igual período de 2021. Este desempenho positivo reflecte o aumento do valor das exportações em 67,8% que excedeu o crescimento de 49,2% observado nas importações.

"As projecções do sector externo para os restantes meses do ano em curso mantêm-se positivas, não obstante a previsão de pressão em baixa do preço do barril de petróleo nos mercados internacionais, dadas as expectativas de abrandamento do ritmo de crescimento das principais economias mundiais", nota o BNA

Com as reservas internacionais em finais de Agosto a atingirem os 13,8 mil milhões de dólares norte-americanos, o que corresponde a perto de sete meses de importações de bens e serviços e com os dados sobre o emprego e o clima de confiança dos gestores e empresários, divulgados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), referentes ao segundo trimestre de 2022, a "evidenciar a consolidação do crescimento da actividade económica", o BNA mostra optimismo para a economia nacional.

Isto, sublinhado pela redução do desemprego pelo "terceiro trimestre consecutivo, atingindo uma taxa de 30,2%, abaixo da registada no mesmo período do ano transacto que foi de 31,6%, ao passo que a confiança dos gestores e empresários do sector não financeiro relativamente à evolução da economia nacional no curto prazo se "mostrou optimista".

"Não obstante as incertezas sobre a economia internacional e potencial impacto sobre a economia nacional, a perspectiva do crescimento da actividade económica no país é positiva, tanto para último trimestre do corrente ano, como para 2023", aponta o BNA.

O Banco Central sublinha ainda o crescimento em 7,1% do stock de crédito concedido em moeda nacional, apesar da preocupação com o crédito mal parado que se situa em 21%, destaca a trajectória da Base Monetária em moeda nacional, que "continua consistente com os objectivos de política monetária, tendo recuado 0,12% no mês de Agosto, correspondendo a contracção no ano de 2,74%."

Nota que a inflação "prossegue o seu percurso de desaceleração e no mês de Agosto fixou-se em 19,8%, abaixo dos 21,4% do mês anterior e dos 26,1% do período homólogo", mantendo o Comité de Política Monetária a perspectiva de a taxa de inflação no final do ano em curso se situar abaixo da previsão inicial de 18%, "caminhando para o objectivo de um dígito no médio prazo".