No documento elaborado pelo FMI onde é resumido o trabalho desenvolvido com as autoridades angolanas, é apontado a noção de que "o choque do preço do petróleo que se iniciou em 2014 reduziu consideravelmente as receitas fiscais e as exportações, enquanto o crescimento estancou e a inflação acelerou".

Perante este cenário, onde também elogia as medidas tomadas pelo Governo angolano, o Fundo Monetário Internacional informa que os seus administradores "instaram a a medidas adicionais para estabilizar as condições macroeconómicas" e "abordar de forma mais contundente a dependência do petróleo e diversificar a economia".

No mesmo parágrafo em que alertam para a necessidade de um "ajustamento orçamental continuado para colocar a dívida pública numa trajectória descendente clara", o FMI sublinha a importância de "apoiar o crescimento económico no médio prazo"

"Os Administradores instaram a esforços concertados para conter o crescimento da massa salarial, melhorar a qualidade do investimento público, continuar a racionalizar os subsídios expandindo, em simultâneo, a assistência social bem orientada para os pobres, e reforçar as receitas não petrolíferas, incluindo através da implementação de um IVA em devido tempo".

O documento adianta ainda que se estimou que que o crescimento tenha estagnado em 2016 com a contracção do sector não petrolífero em 1/2%, pressionado pelos sectores industrial, da construção e dos serviços; a produção industrial".

"Apesar do potencial de substituição das importações, foi limitada pela escassez de insumos importados devido à disponibilidade limitada de divisas", nota o Fundo.

O FMI relembra ainda que se previu que "a inflação anual chegasse aos 45% no final do 2016 - a maior taxa em mais de uma década - reflectindo preços internos mais elevados dos combustíveis, um kwanza mais fraco e os efeitos desfasados das condições monetárias mais brandas até ao primeiro semestre de 2016".

Nota que "as reservas internacionais estão a diminuir mas permanecem relativamente confortáveis". Salientando a discrepância existente entre o câmbio formal e informal, o que, adverte "indica um desequilíbrio significativo no mercado cambial".

"Os Administradores (do FMI) observaram que a adopção de um quadro fiscal de médio prazo ajudaria a reduzir a pró-ciclicidade da despesa pública e a melhorar a planificação dos investimentos", e sublinharam que "as políticas monetária e cambial devem desempenhar um papel central no reequilíbrio do mercado cambial".

O FMI diz que acolheu "com agrado" agrado as medidas recentes tomadas pelo banco central para "apertar as condições de liquidez", mas consideraram "necessário um reforço do quadro de política monetária para melhor ancorar as expectativas de inflação e facilitar a transição para uma maior flexibilidade cambial".

A necessidade de "preservar a saúde do sector bancário" é outro dos sublinhados contidos no documento do FMI, que apoia "os esforços das autoridades para reforçar os quadros de supervisão bancária e de resolução".

O FMI recomenda a "realização de avaliações rigorosas da qualidade dos activos, e enalteceram as acções das autoridades para assegurar que os bancos mais fracos sejam recapitalizados", notando que "o plano de reestruturação e recapitalização do banco público e importância sistémica, o BPC, é um passo importante".

A necessidade de abordar os efeitos da perda de relações de correspondência bancária em dólares americanos é igualmente considerada, adiantando que "o banco central deve intensificar a compilação e a análise de dados; desenvolver planos de contingência para mitigar os riscos decorrentes da perda de relações de correspondência bancária e abordar assuas causas".