Devido à declaração de "guerra" comercial feita por Washington, o Governo do Presidente Xi Jinping respondeu com taxas que incidem sobre importações de bens oriundos dos EUA e avançou para uma queixa formal na Organização Mundial do Comércio (OMC), alegando que os EUA não estão a respeitar as obrigações de livre comércio com as quais se comprometeram.

De pouco ou nada valeu, porque, nas últimas horas, Donald Trump voltou a sacar da "pistola" e disparou novas taxas adicionais sobre os produtos chineses, alargando o leque dos bens abrangidos e das ameaças verbais ao garantir que se a China voltar a retaliar, os EUA avançam com mais cerca de 270 mil milhões de taxas-extra, de imediato.

Ignorando as novas ameaças, Pequim já veio dizer que vai ser olho por olho e dente por dente e que, assim que os EUA aplicarem estas taxas adicionais, a resposta entrará imediatamente em vigor porque "é essa única forma de a China proteger os seus legítimos direitos e interesses".

Na resposta, Pequim, através do Ministério do Comércio, lembra que que existe uma "ordem no livre comércio internacional" que os EUA não estão a respeitar, sublinhando, como nota a imprensa oficial chinesa, que as negociações que estavam a ser preparadas, nomeadamente com o envio de uma equipa a Washington, deverão ser reanalisadas.

Os riscos em cima da mesa para a economia global desta guerra entre as duas maiores economias do mundo são evidentes, nomeadamente no valor do petróleo nos mercados internacionais, até porque Trump está a disparar em várias direcções, como a Europa e o Canadá, para além do gigante asiático.

Até porque, segundo analistas citados hoje pelas agências, a China tem dado passos importantes para abrir o seu mercado, até aqui sujeito a medidas proteccionistas, num gesto considerado positivo e que permite admitir haver espaço para negociações que está a ser torpedeado com esta postura agressiva dos EUA, provavelmente motivadas pelo aproximar de eleições intercalares nas duas câmaras do Congresso, onde os Republicanos de Trump começam a mostrar algum nervosismo devido a sondagens negativas.

Por detrás desta nova "agressão" norte-americana está, segundo a Administração Trump, a política que a China está a desenhar para a área tecnológica, que tem como objectivo fazer do gigante asiático um gigante mundial na produção de tecnologia, especialmente nas áreas novas da Inteligência Artificial, energias renováveis ou veículos eléctricos, entre outras áreas, mas todas ameaçando directamente sectores onde os EUA não gostam de se verem confrontados com concorrências séria.

Uma das questões de Trump é que esta revolução tecnológica do "Made In China 2025" está uma sucessão de anos em que os chineses roubaram tecnologia ocidental através da sua indústria de montagem de componentes, para onde as grandes empresas mundiais transferiram unidas de produção devido aos baixos preços praticados.

Impacto nas contas angolanas

Recorde-se que esta guerra comercial deverá afectar a economia angolana de forma colateral porque com a diminuição das exportações chinesas e norte-americanas ocorrerá uma diminuição do consumo do petróleo que tenderá a pressionar para baixo os preços nos mercados internacionais.

No entanto, para já, os efeitos não se notam e o barril de Brent, que molda o valor das exportações angolanas, está mesmo a subir quase 0,8 por cento, para os 78,71 USD.