De acordo com uma nota de análise dos peritos da unidade de análise económica da revista britânica The Economist, "esta mudança de abordagem é negligente dada a seriedade dos desafios económicos e financeiros que Angola enfrenta" e por causa da falta de receitas que resulta dos preços baixos do petróleo e da fraca capacidade de governação".

Na análise enviada aos investidores, escreve-se que a rejeição de financiamento do FMI a Angola surge num contexto em que "o Governo está a debater-se para conseguir pagar os serviços públicos básicos e que o kwanza caiu fortemente face ao dólar, com a inflação de Maio a subir até aos 29%".

Ao escolher não aceitar as condições do FMI, que podia financiar 1,5 mil milhões de dólares por ano durante três anos, "em troca de compromissos em reformas da gestão fiscal e de transparência, Angola está não apenas a rejeitar assistência financeira, mas também a pôr em risco a credibilidade adicional que um acordo com o FMI traria", afirmam os analistas da Economist.

Assim, continuam, "é claro que as autoridades não estão dispostas a adoptar as reformas duras - e a transparência - necessárias para o reequilíbrio fundamental da economia angolana, embora seja provável que algumas reformas avancem ao abrigo do Artigo IV".

Para a EIU, "escolher ir à procura de mais empréstimos bilaterais, provavelmente da China, vai também colocar mais pressão no rácio entre a dívida pública e o PIB, que se esperava que se aproximasse dos 39%, mas que agora deverá provavelmente ser revisto em alta".

Na quinta-feira passada, 30, o porta-voz do FMI anunciou durante a conferência de imprensa semanal que Angola desistiu das negociações sobre um eventual "programa de financiamento ampliado" do FMI, mas pretende manter as conversações ao nível de consultas técnicas com os funcionários daquela organização, que regressam a Luanda antes do fim do ano.