Esta questão ganhou dimensão global e o anúncio de abandono do TPI pela África do Sul foi noticiado em todo o mundo por ter coincidido com o mandato de captura internacional emitido há cerca de um mês por esta instância judicial contra o Presidente da Rússia, Vladimir Putin.

Foi ainda enfatizado pelo facto de a África do Sul estar já a organizar a próxima Cimeira dos BRICS, organização que integra o Brasil, a Rússia, a Índia, a China e a África do Sul, em Durban, sendo que, formalmente, se Putin participar, o país anfitrião está obrigado a cumprir o mandato do TPI e deter o chefe do Kremlin.

No entanto, Vladimir Putin ainda não anunciou oficialmente que vai estar em Durban, no mês de Agosto, mas o seu porta-voz, Dmitri Peskov, já veio a público anunciar para breve essa decisão. Provavelmente, agora, será mais difícil...

A errónea informação avançada por Ramaphosa, quando, curiosamente, falava aos jornalistas ao lado do Presidente da Finlândia, de visita oficial ao país austral, e sabe-se agora que na origem da "gaffe" está uma interpretação falhada de uma declaração do ANC, partido que governa a África do Sul desde 1994, logo após o apartheid cair, e é liderado pelo também Presidente do país.

A declaração do ANC foi feita depois de o partido ter debatido internamente a questão da participação de corpo inteiro da África do Sul neste tribunal, que não está inserido no sistema da ONU.

Porém, embora este desmentido seja claro, a posição sul-africana nem por isso, porque pelo menos desde 2016 que o país tem discutido a possibilidade de abandonar o TPI.

A nova posição, a correcta, segundo o Governo de Pretória, é que o país vai manter-se no Tratado de Roma, que em 1998 e entrou em actividade em 2000, mas vai defender internamente e desenvolver uma campanha para que este organismo actue de forma igual com todos e não com uma acção dirigida por interesses externos.