Joe Biden sabe igualmente que os Republicanos de Donald Trump também sabem da inutilidade processual desta iniciativa mas que isso é o menos importante, porque o objectivo é equilibrar o poderio de fogo no campo de batalha eleitoral onde o ex-Presidente deverá ser a cara no boletim de voto contra o actual inquilino da Casa Branca e tem à ilharga vários casos em tribunal que podem ser pedras no caminho de regresso ao poder.

Para já, Trump está a tirar proveito dos processos que correm contra ele nos tribunais, nomeadamente o de guarda de documentos secretos na sua casa privada e de assédio sexual a várias mulheres, mas com o andar da luta eleitoral tudo pode mudar de um momento para o outro e este "impeachement" a Joe Biden pode vir a ser útil para equilibrar o terreno de jogo.

Biden tem sobre si como pêndulo de morte as suspeitas de envolvimento, suas e da sua família, especialmente o seu filho, Hunter Biden, em esquemas de corrupção que remontam à sua condição de vice-Presidente de Barack Obama, entre 2009 e 2017, e quando o seu primogénito era quadro da empresa ucraniana de gás, Burisma, que terá, segundo especulações republicanas, pago vários milhões de dólares a um e a outro para exercerem influência no decurso de negócios.

Um dos pontos fortes de Biden é que nunca foi mostrada qualquer evidência das imputações que lhe são atiradas para cima, mas tem igualmente contra o anúncio de uma testemunha de alegado alto valor, por identificar, que já terá sido ouvida pelo FBI e pelo Congresso, que será a "chama" para o fogo das suspeitas em que está há anos envolvido.

Kevin McCarthy, claramente pressionado pelo grupo de indefectíveis de Trump no Congresso, pediu formalmente a criação de uma comissão da Câmara para formalizar um inquérito de destituição" de Joe Biden, avançando que este "mentiu" ao Congresso e ao povo sobre os negócios ilícitos do seu filho no estrangeiro.

Hunter Biden é actualmente o grande trunfo dos republicanos por causa das suspeitas dos seus negócios fora do país, especialmente na Ucrânia, aproveitando a influência do seu ai, que era então vice-Presidente dos EUA.

Na resposta, Biden mandou os seus assessores dizer que este processo não faz sentido nenhum porque decorrem investigações há quase uma década e nunca foi encontrado um elemento que seja que perita dar sustentação às alegações e muito longe de ter corpo para responder à exigência da Constituição para o impeachment que é a traição provada, corrupção sem dúvidas e um leque de crimes de extrema gravidade devidamente qualificados no texto constitucional.

Em pano de fundo, é sobejamente claro entre os eleitores norte-americanos que estes processos, que foram tentados em diversos Presidentes, Andrew Johnson em 1868, Bill Clinton em 1998, e Donald Trump em 2019 e 2021, sem que algum deles tenha sido efectivamente destituído, servem em primeiro luar como arma de arremesso para a luta política e têm mais utilidade durante as pré-campanha eleitorais, como é o caso.