1. A avaliação é baseada em dois eixos principais: Nível de Exposição Pública e (ii) Potencial de Risco Reputacional.

O objectivo é fornecer um instrumento prático para consultores, gestores públicos e equipas de comunicação de crise.

2. Metodologia
A análise foi desenvolvida com base na observação de tendências mediáticas (media tradicionais e digitais), estudos de caso de crises anteriores, relatórios de organizações internacionais e análise de discurso institucional. A classificação considera o impacto da opinião pública, sensibilidade temática, frequência de menções e histórico de gestão de crises.

3. Enquadramento Científico sobre Reputação Institucional
3.1. Definição e Natureza da Reputação
Segundo Fombrun (1996), reputação é a representação perceptiva colectiva do desempenho passado e das promessas futuras de uma organização, construída com base nas acções concretas, nos discursos institucionais e na consistência entre ambos. Van Riel e Fombrun (2007) complementam que a reputação é formada através da interacção entre: identidade organizacional (auto-imagem interna); imagem corporativa (percepção externa); e cultura organizacional (práticas enraizadas). No contexto público, essa percepção é particularmente sensível a factores como transparência, eficácia, ética e capacidade de resposta a demandas sociais.
3.2. Reputação como Activo Estratégico
Estudos demonstram que uma reputação sólida facilita a aceitação de políticas públicas; aumenta a margem de confiança durante crises; reduz custos de mobilização institucional e comunicacional; e atrai cooperação de stakeholders nacionais e internacionais. Por isso, a reputação deve ser compreendida e gerida como um activo estratégico contínuo, não apenas em tempos de crise, mas como parte de uma abordagem preventiva e integradora de gestão pública.
3.3. Teorias de Gestão de Crise e Risco Reputacional
A Teoria Situacional da Comunicação de Crise (SCCT), desenvolvida por W. Timothy Coombs, oferece um modelo aplicado à gestão da reputação institucional diante de eventos adversos. A SCCT sustenta que: a escolha da resposta deve considerar a responsabilidade percebida da organização; quanto maior a responsabilidade atribuída, mais a resposta deve ser assumida, transparente e correctiva; e organizações com reputações previamente positivas têm mais resiliência emocional e narrativa. Essa teoria é altamente aplicável ao caso dos ministérios avaliados neste relatório, sobretudo àqueles com histórico de controvérsias ou baixa confiança pública.
3.3. Ferramentas Contemporâneas de Monitoramento Reputacional
As boas práticas internacionais indicam que os órgãos públicos devem investir em dashboards de escuta activa e análise de sentimento, que cruzam dados de mídia tradicional e redes sociais; criar war rooms reputacionais com equipas interdisciplinares; fortalecer canais de escuta pública, prestação de contas e interacção social; e construir buffers reputacionais através de campanhas cívicas, narrativas simbólicas e engajamento em causas públicas com elevado valor social.

3.4. Aplicação ao Contexto Nacional
Em Angola, o fortalecimento da reputação das instituições do Estado é crucial para consolidar a democracia, melhorar a governação e atrair parcerias internacionais. Um sistema robusto de gestão reputacional pública pode reduzir o impacto de ciclos de crise, melhorar o engajamento dos cidadãos e consolidar a confiança pública como pilar de estabilidade institucional.

5. Observações Estratégicas por Ministério
• Ministério do Interior: Forte exposição devido ao papel na segurança e ordem pública. Risco elevado em casos de repressão.
• Ministério da Saúde: Sensível a greves, desabastecimento e críticas públicas. Qualquer falha impacta directamente a população.
• Ministério da Educação: Exposto a greves docentes, falhas na infraestrutura escolar e críticas sobre qualidade de ensino.
• Ministério das Finanças: Visibilidade associada a medidas económicas impopulares, controlo de despesas públicas e subsídios, escândalos de desvios em órgãos dependentes.
• Administração do Território: Envolvido na organização eleitoral e governação local. Risco político elevado.
• TIC e Comunicação Social: Pressão por pluralismo informativo, transparência e gestão da imagem institucional.
• Transportes: Problemas de mobilidade urbana, acidentes e planos de modernização colocam o sector sob vigilância constante. Funcionamento e certificação de aeroportos, eficiência operacional da TAAG e outras empresas de transporte público.
• Ambiente: Aumenta a sua visibilidade com questões climáticas e urbanas, mas ainda tem risco reputacional controlável. A certificação de estudos de impacto ambiental e o controlo sobre o cumprimento deles também é um alerta.
• Justiça e Direitos Humanos: Potencial elevado de risco ético e institucional. Papel central em tempos de conflito social. Independência financeira do poder judicial na íntegra levanta o risco de controlo.
• Economia e Planeamento: Apesar da baixa exposição directa, as decisões tomadas têm impacto de longo prazo.n

Continua na próxima edição.

*Consultor