No final do primeiro trimestre de 2020, a OMS articulou medidas para serem adoptadas em todo o mundo, de prevenção e combate à pandemia da Covid-19, que afectou os indicadores do desenvolvimento humano de forma negativa.

A queda da produção, de par com as limitações à mobilidade interna e internacional, concorreu para o agravamento das desigualdades.

África e os africanos viram em muito agravadas as condições de vida.

Não tendo África laboratórios capazes de responderem à produção de vacinas, a escassez dessas conduziu, na esmagadora maioria dos países, à dependência do exterior.

Este facto deverá merecer especial atenção, quanto à avaliação das prioridades do desenvolvimento humano em África.

Superada a pandemia, o mundo foi confrontado com a guerra na Ucrânia.

Este inesperado conflito fez repercutir outras consequências, com significado mais relevante em África, particularmente no domínio da carência de produtos agrícolas, sendo que a Ucrânia era e é um importante país exportador desses produtos.

Também África deve reflectir e tirar consequências para o futuro quanto à necessidade de diversificar a economia, com priorização de todo o sector primário, assente na agricultura e na agro-pecuária e também nas pescas, no que respeita aos países marítimos.

Há ainda que ter agora presente o inesperado conflito armado no Médio Oriente e os novos impactos de incerteza.

Os ventos destes últimos anos alimentaram essa incerteza e ainda mais em África, pelas consequências políticas, com reiterados golpes de Estado, com dois ocorridos no Bunkina Faso e outros na Guiné-Conacri, no Níger, no Mali e na Somália.

Há a consciência de que a ONU, criada após a Segunda Guerra Mundial, não corresponde às exigências deste novo mundo, não tendo sido possível, até ao presente, concretizarem-se medidas que conduzam à solução dos conflitos que inesperadamente se depararam, pelo que a reforma desta instituição é premente.

As mudanças de ciclo como as que vivemos envolvem novos desafios e, no actual quadro, a complexidade é maior perante plataformas de desinformação nas redes sociais.

Daí ao crescimento do populismo também visível em países de democracias consolidadas, como se alcança na Europa e nos EUA.

Há, porém, ventos que sopram no sentido contrário.

O último encontro do Presidente Xi Jiping com Joe Biden é um avanço para a recriação da esperança nesse sentido, de par com os esforços para uma justa solução das guerras na Ucrânia e no Médio Oriente.

Outros esforços estão em curso em África quanto à avaliação das consequências recentes que, desde a pandemia, concorreram para o agravamento das condições de vida e da desigualdade, com vista à adopção de políticas públicas que respondam aos desígnios do novo ciclo.

Não me tenho cansado de reiterar que as respostas a este novo ciclo e, no caso concreto de Angola, parecem dever priorizar a efectiva diversificação da economia, atendendo a respostas aos mais carenciados, com mais justa repartição da riqueza.

No que respeita à política externa, a salvaguarda de um relacionamento que persista em defender relações não-alinhadas neste mundo multipolar, como se tem feito, é a opção correcta.

A análise que for efectuada, com os olhos postos no futuro e nas potencialidades de Angola, será seguramente um instrumento de esperança para a juventude angolana.

É que os jovens, percentualmente maioritários, são o futuro do continente africano e de Angola.