Devido ao clima de insegurança generalizada, diversos estabelecimentos comerciais e instituições públicas mantêm-se encerradas até hoje, e os trabalhadores continuam a funcionar em regime de teletrabalho, enquanto aguardam o regresso à normalidade.

Na opinião da direcção do Bloco Democrático (BD), o Presidente da República deve rever, com urgência, esta política de subida do preço dos combustíveis, sob pena de mergulhar o país numa instabilidade social ainda mais grave.

"O povo angolano não pode continuar a pagar pela má gestão dos recursos públicos, pela ausência de uma política fiscal justa e pela total falta de sensibilidade social por parte de quem governa", diz o BD.

O economista Saldanha Pinto Jamba espera que o Executivo, durante a reunião do conselho de ministros convocada para esta quarta-feira, encontre uma solução para se ultrapassar esta crise.

"O encerramento dos postos de abastecimento de combustíveis veio reforçar a continuação da greve, porque muitos funcionários que têm os seus meios de transporte já não têm combustível para se movimentarem", disse, frisando que a situação não pode permanecer por mais dois dias.

O professor universitário Damião Santos Fragoso Neto disse também que é a altura ideal e face "aos tristes acontecimentos" no país, de o Presidente da República fazer um pronunciamento oficial sobre a actual situação.

"O Chefe do Estado tem a prerrogativa e a responsabilidade de se manifestar publicamente em momentos críticos, utilizando a sua posição como representante da República e garantidor da independência nacional", referiu, salientando que "o Chefe de Estado deve ignorar os que dizem que tudo está sob controlo".

"A situação inspira cuidados, o Presidente da República não pode limitar-se em ouvir algumas vozes que o tranquilizam, dizendo que a situação está sob controlo. A capital viveu dois dias consecutivos de insegurança, com pilhagem e actos de vandalismo, coisas que nos últimos 25 anos nunca aconteceram", acrescentou.

O sociólogo Almeida Kiangala está preocupado com o cenário que ocorre na capital, onde alguns estrangeiros já pensam em abandonar o país.

Segundo ele, o Governo do MPLA, no poder, não pode permitir que actos atentem contra os valores da paz, da unidade nacional e da reconciliação, conquistados ao longo dos últimos anos com o esforço de todos os angolanos.

O jurista Paulo Necas de Jesus entende que o país vive momentos muito difíceis de pobreza e miséria, mas "não se justificam actos de vandalismo".

"A paralisação dos taxistas era o caminho certo para obrigar o Executivo a repensar. Mais infelizmente fomos surpreendidos com acções de vandalismo e pilhagem que criam transtornos na vida das pessoas", lamentou.

Refira-se que a greve dos taxistas iniciada segunda-feira, em Luanda, provocou bloqueios, confrontos e vandalismo, devido ao descontentamento da população face ao aumento do preço dos combustíveis.

Barricadas, pneus queimados, pilhagens e viaturas vandalizadas marcaram o início da greve dos taxistas de transportes privados.

Dados da terceira actualização da Polícia Nacional desde a paralisação dos táxis apontam que só na capital angolana já estão detidas mais de 1214 pessoas por alegado envolvimento em vandalização de bens públicos, pilhagem, arruaças, invasão de propriedade privada, entre outros crimes.