Este debate foi marcado e acordado em conjunto pela UNITA e pelo MPLA com carácter de urgência e tinha como objectivo analisar as causas e as soluções para os problemas que geraram dos mais violentos proptestos populares em Luanda desde o fim da guerra, em 2002, pelo menos.
"Eu não estou a entender. Como é que um Grupo Parlamentar inteiro do MPLA não percebe que o nosso povo esta a passar fome, o povo esta a morrer", lamentou Francisco Viana, quando falava durante o debate na sequência da greve dos taxistas e dos tumultos que a acompanharam provocando a morte de mais de 30 pessoas, 277 feridos e pilhagem de estabelecimentos comerciais, destruição de património público e privado...
"Meus estimados camaradas, na luta de libertação de Angola ninguém ouviu falar de causas justas. O lema era: MPLA até àmorte. O colono saiu e nós lutamos pela democracia. O que acontece em Angola hoje é que à população está a passar fome. Nós vamos a mais uma luta de libertação de Angola", acrescentou.
O MPLA e a UNITA trocaram pesadas acusações, recordando o conflito armando, face aos actos de violência, vandalismo e arruaça nos dias 28 a 30 de Julho.
O MPLA solicitou ao Executivo, através dos órgãos de segurança, para, doravante, tomar medidas que travem actos de violência, vandalismo e arruaças.
"Quem recorre à violência rasga o nosso tecido social", disse o deputado do partido no poder desde 1975, Virgílio Tyova, quando falava durante o debate, onde defendeu igualmente que o que sucedeu aqueles dias envergonha a democracia e fere a unidade nacional.
"A violência não é um instrumento legal para protestos. As nossas ruas foram transformadas em campos de batalha e quem sofreu são as camadas mais desfavorecidas", lamentou o deputado.
O deputado da UNITA Álvaro Chikwamanga Daniel apontou a violação da Constituição, a fome, o papel dos órgãos da comunicação social estatais e a falha dos órgãos de segurança como responsáveis desses acontecimentos.
"O Executivo, ao rejeitar a paralisação dos taxistas, violou a Constituição, os serviços de segurança que agiram só mais tarde, foi uma grande falha, os órgãos da comunicação social do Estado ao desinformar a população, também falharam, (...) e a fome, que mata milhares de angolanos, são, entre outras, as causas", acrescentou, frisando que a reacção tardia do Presidente da República também foi uma falha.
O deputado apontou ainda as fracas políticas do Executivo, que não conseguem conter o êxodo populacional do interior para a capital do país, como uma das causas dos tumultos.O O O deputado do PRS Benedito Daniel condenou igualmente as ocorrências dos dias 28 a 30 de Julho, apelando ao dialogo entre a sociedade civil e o Executivo para ser possível encontrar um antídoto para a crise social que assola o país.