Segundo o ministro do Planeamento, 97.569 jovens serão dotados de competências digitais e capacitados nas áreas da agricultura e dos transportes. O "projecto Crescer" vai igualmente acelerar o desenvolvimento de 10.400 micro empresas que já se encontram em actividade.
O "Projecto Crescer", segundo o documento consultado pelo Novo Jornal aquando da criação da Unidade de Implementação (UIP), visa, fundamentalmente, dinamizar os instrumentos de promoção da actividade económica e da empregabilidade juvenil, através da melhoria do sistema de planeamento nacional, da valorização dos activos do Estado, via parcerias público-privadas e do investimento público em infra-estruturas de apoio ao empreendedorismo.
Orçado em 124,6 milhões de dólares, o "Projecto Crescer" conta com o investimento directo de cerca de 29,06 milhões de dólares do Governo angolano, do financiamento de 79,08 milhões de dólares do BAD e com 16,08 milhões de dólares da União Europeia. O Governo espera ainda uma contribuição do sector privado na ordem dos 460 mil dólares.
A iniciativa, que pretende atingir jovens entre os 15 e os 35 anos, dos quais pelo menos 50% devem ser mulheres, será desenvolvido em 11 províncias entre 2025 e 2029. Luanda, Huila, Huambo, Benguela, Cabinda, Cuanza Sul, Bié, Malanje, Icolo e Bengo, Moxico e Moxico Leste foram as províncias seleccionadas com base em critérios como progressos realizados no âmbito dos programas emblemáticos do Governo, zonas ago-ecológicas de elevado potencial atravessado pelo Corredor do Lobito, proximidade de instituições de formação e outros, segundo o ministro do Planeamento Victor Hugo Guilherme.
"O Projecto Crescer constitui um investimento no futuro de Angola pela aposta na modernização das instituições de ensino, reforço de incubadoras e na aproximação entre o sector privado e a juventude, promovendo oportunidades sustentáveis de crescimento", disse Victor Hugo Guilherme, citado pela Lusa, na apresentação desta iniciativa à imprensa.
Já a embaixadora da União Europeia em Angola, Rosário Bento Pais, destacou as ações e investimentos do bloco europeu na formação e capacitação do capital humano em Angola, dando nota que um novo programa de apoio ao ensino técnico e a formação profissional será lançado no início de 2026.
Esta iniciativa visa contrariar o retrato traçado na agenda "Angola 2050", mandada elaborar pelo Presidente da República, João Lourenço, e concluída em Fevereiro de 2023, já após a pandemia e tendo em conta o contexto do conflito armado entre Ucrânia e Rússia.
A agenda "Angola 2050" - Estratégia de Longo Prazo, encomendada pelo Presidente da República, inclui um diagnóstico que traça o retrato de um País ainda por cumprir e a funcionar a duas velocidades, com um capital humano dos mais baixos do mundo, um dos piores desempenhos na Educação, sobretudo na componente da qualidade, que está abaixo da média da SADC ou da África Subsariana, e um índice de fecundidade dos mais altos do mundo.
Assim, refere o documento, terá de ser coordenado "um esforço ao mais alto nível do Executivo" que garanta "um salto quântico" de Angola nos índices globais de competitividade, reforçando a atenção à eliminação de situações que desequilibrem a igualdade de oportunidade, assegurando a aplicação rigorosa da legislação em vigor, continuando o esforço de combate à corrupção em todos os sectores e níveis de actividade, reduzindo a presença do Estado na Economia através do processo de privatizações e promovendo regimes regulatórios estáveis.
No diagnóstico é assinalado que terá de ser feita uma aposta inequívoca na atracção de investimento estrangeiro, não apenas como portador de capital, mas principalmente de know how nos sectores prioritários.
"A missão de atracção de investimento estrangeiro de grande escala é um imperativo, visando atrair multinacionais emblemáticas para os sectores de maior potencial".
Finalmente, a aposta no capital humano "terá necessariamente de ser um elemento basilar de qualquer estratégia", destaca o documento, onde se lê igualmente que "o reforço das verbas afectas à Saúde e à Educação, a (grande) aposta na qualidade formativa e o apoio multilateral nestas dimensões serão absolutamente críticas para o alcance dos objectivos que todos ambicionamos".