O actual presidente, Adalberto Costa Júnior, que lidera o partido há cinco anos, é naturalmente candidato à sua continuidade à frente da UNITA, embora um e outro só na quarta-feira, 08, dia em que abre o período de apresentação das candidaturas, possam oficializar o processo.
Ernesto Mulato, um fundador da UNITA ao lado de Jonas Malheiro Savimbi, e actual membro do Comité Permanente do partido do "Galo Negro", ao Novo Jornal disse que as candidaturas múltiplas à liderança "são normais", como, de resto, já aconteceu no passado, o que tem sido usado para enfatizar a democratização desta histórica força política criada em 1966.
"É um exercício habitual no seio do nosso partido. A UNITA, nos seus congressos, sempre teve múltiplas candidaturas", arescentou Ernesto Mulato, frisando que todo o militante que reúne condições para concorrer à liderança do partido pode fazê-lo.
"Nós não somos como aquelas formações políticas onde, quando se fala em múltiplas candidaturas, é uma dor de cabeça", acrescentou o antigo vice-presidente da UNITA. Numa referência clara ao MPLA, salientando que as múltiplas candidaturas aprofundam a democracia interna.
O deputado da UNITA, Joaquim Nafoia, também diz que este anúncio faz parte da cultura democrática do partido, onde as multíplas candidaturas têm sido não apenas aceites como incentivadas.
"Desde o congresso que elegeu o antigo presidente da UNITA, Isaías Samakuva, após a morte do líder fundador, a UNITA realizou os seus congressos com múltiplas candidaturas", referiu, sublinhando que qualquer militante que reunir os requisitos pode concorrer.
O politólogo Agostinho Sicato entende que este anúncio, mesmo tratando-se do filho do fundador da UNITA, não surpreende e acrescenta que se não houvesse múltiplas candidaturas estaríamos perante um "retrocesso democrático" no maior partido da oposição que está obrigado a dar o exemplo.
"Poderia ser um retrocesso do ponto de vista democrático, porque a UNITA habituou a sociedade, há mais de 20 anos, à realização de congressos com candidaturas múltiplas", sublinhou.
O analista político Albino Pakisi considera que o anúncio da candidatura de Rafael Massanga Savimbi à presidência do partido vem dar "um ar fresco" no seio da organização, sendo um jovem a manifestar esta disponibilidade, embora falta ainda a fase da oficialização.
"Não é apenas por ser filho do líder fundador da UNITA, o jovem Rafael Massanga Savimbi tem percurso político suficiente no partido para concorrer à direcção do partido", destacou, notando que mesmo que não venha a vencer o actual líder, será um potencial candidato nos próximos conclaves.
Refira-se que os militantes interessados para concorrer à presidência da UNITA, tendo em vista a realização do XIV Congresso Ordinário, deverão submeter as suas candidaturas na comissão de mandatos a partir desta quarta-feira, 08, de Outubro.
Os resultados eleitorais de 2022, os mais robustos de sempre, em que a UNITA, no âmbito da Frente Patriótica Unida (FPU), conseguiu 90 deputados, colocam Adalberto Costa Júnior numa posição privilegiada para ser cabeça de lista da UNITA no pleito eleitoral de 2027, mas, para isso, terá de levar de vencido Massanga Savimbi.
Nas primeiras eleições de 1992, com o líder fundador do partido, Jonas Savimbi, a UNITA elegeu 70 deputados, em 2008, com o ex-presidente Isaías Samakuva, o partido conseguiu 16 deputados, em 2012, 32, em 2017, 51 e em 2022, com o actual presidente, Adalberto Costa Júnior, o partido subiu para 90 parlamentares.
O congresso, que se realiza ordinariamente de quatro em quatro anos, é convocado formalmente pelo presidente do partido, "em observância aos Estatutos e Regulamentos do Partido", após parecer favorável da Comissão Política.