Os elefantes são os "bons gigantes" do mundo animal, são animais extraordinários e estão entre os mais inteligentes e mais empáticos, mas a sua vida nem por isso é fácil e este 12 de Agosto é, desde 2012, o Dia Mundial dos Elefantes, criado para destacar a importância que têm no equilíbrio do meio ambiente e a sua relevante importância económica para os países que apostam no turismo de natureza.

Angola já foi dos países com mais elefantes e um dos que mais beneficiava da sua presença como atracção turística durante o tempo colonial, mas com a guerra, primeiro a guerra da Independência e depois a guerra civil, os elefantes foram chacinados até ao limite da sua extinção.

Dos mais de 70 mil na década de 1960, eram apenas umas centenas, dispersos pelo país, quando a Dipanda emergiu da profundeza dos tempos e da luta nacional em 1975, mas hoje, 50 anos depois, e graças a algum esforço de conservação e ao instinto destes animais que sempre regressam aos locais de origem pelas rotas da transumância mais remotas, são hoje cerca de três mil.

Mas poderiam ser muitos mais, e com isso, o turismo em Angola teria um novo vigor, porque os elefantes são os mais procurados entre os "Big Five - Cinco Grandes", a quem somam os leões, leopardos, búfalos e o rinoceronte, e os mais importantes para a multimilionária indústria do turismo africana, da qual são países como a África do Sul, a Namíbia e o Quénia quem mais beneficia...

E é precisamente do Quénia que chega a magnifica história do esforço comunitário para encontrar a fórmula que permita o equilíbrio saudável entre as comunidades humanas e os elefantes.

Contam os media locais e ONG's que os agricultores quenianos, depois de anos a enxotar os elefantes, ou mesmo a matar aqueles que, nos percursos das suas movimentações ancestrais, a transumância, acabavam por atravessar, alimentar-se e mesmo destruir as culturas de que dependiam, encontraram finalmente a solução.

Não é uma fórmula mágica, é ate, pelo contrário, muito simples... Como animais inteligentes que são e com apurado apetite, mesmo que quase insaciáveis, nem tudo lhes "cheira bem", e foi esse o pormenor que permitiu encontrar a tal fórmula que permite aos humanos lidar com os elefantes sem os ameaçar.

Enxotar, com fogo ou com disparos para o ar, o que em tempos, e que ainda actualmente ocorre noutras geografias, levava a resultados nefastos, com muitas vítimas humanas da agressão destes paquidermes, deixou de ser necessário...

Bastou, pelo menos funcionou na perfeição no Parque Nacional Tsavo-East, ou noutras áreas com semelhante fenómeno no seu interior, mudar, sem perdas económicas para as comunidades, as culturas na época da transumância.

Por exemplo, há muito que se sabia que os elefantes nem gostam nem toleram o sésamo, cujas sementes são muito procuradas para diversos fins na gastronomia ou na farmacêutica e na indústria dos perfumes, o que levou a que na época da transumância esta cultura substitua agora, com ganhos, as tradicionais, como a mandioca, ou, entre outras, o feijão.

O apetite insaciável destes gigantes levava-os muitas vezes para as lavras das famílias, destruindo quase tudo na sua passagem, mas agora, com o sésamo, que produz um óleo que eles detestam, seguem viagem e dedicam a sua extraordinária capacidade de comer à vegetação selvagem... onde ingerem diariamente um mínimo de 150 kgs.

Além do sésamo, os bons gigantes também detestam gengibre, limões ou o cheio das pimentas, soluções que podem ser usadas onde estes problemas existem...

Mas não é a única solução. Noutras áreas, onde essa mudança não é possível, ou é mais difícil, por razoes naturais, os agricultores, apoiados por organismos estatais, estão a produzir mel em abundância nas suas propriedades, porque os elefantes ainda gostam menos de abelhas que do óleo do sésamo...

A solução é colocar as colmeias tradicionais nos seus terrenos agrícolas e espalhar fios finos pelos campos ligados às colmeias e que os elefantes abanam provocando a fúrias das abelhas que se atiram aos animais pondo-os em fuga para outras paragens.

Ora, como nestas épocas de transumância os elefantes estão instintivamente em marcha, depois de sentirem o sésamo ou forem atacados pelas abelhas, deixam o local e seguem o seu caminho, alimentando-se da vegetação natural ao invés das culturas...

Com o crescente número de elefantes em Angola e a aposta clara do Governo no desenvolvimento do turismo como diversificação económica, e sendo o turismo de natureza um dos mais rentáveis, então as soluções quenianas podem muito bem ser a solução para evitar que os elefantes sejam abatidos ou provoquem prejuízos, como tem estado a acontecer com cada vez mais regularidade.