Segundo o intendente Mateus Rodrigues, do Gabinete de Comunicação Institucional e Imprensa da Delegação do Ministério do Interior na província de Luanda, o Serviço de Investigação Criminal (SIC) deteve na segunda-feira, 30, um dos autores implicados no crime.

"Temos já um dos elementos detido, mas os outros parceiros que estavam com ele no momento da agressão encontram-se em fuga. Todavia, já estamos a trabalhar afincadamente no sentido de detê-los também", disse Mateus Rodrigues.

Abraão Manuel, tio da vítima, contou ao Novo Jornal Online que o seu sobrinho, Flávio Manuel "Fafí", de 22 anos, foi atingido na região da cabeça com uma catana, na noite de sábado, depois de sair de casa para ir buscar a irmã menor que se encontrava numa festa nos arredores do bairro.

"Infelizmente não chegou ao local da festa pois foi agredido por marginais".

Abraão Manuel disse ainda que as pessoas que estavam nas proximidades não viram a vítima a discutir com ninguém, embora tenha havido uma disputa de dois grupos rivais, como já é costume na zona, disputa que já tinha acabado há cerca de 50 minutos.

"O meu sobrinho foi confundido pelos marginais, que o mataram. Ele estava no lugar errado à hora errada", lamentou.

"Nós vimos recentemente uma entrevista do administrador municipal do Cazenga, Tany Narciso, em que ele afirmava que, no Cazenga, se anda a qualquer hora na rua porque é o município com maior segurança. Eu faço um desafio ao Sr. administrador para que venha até aqui ao curtume ver como anda o sofrimento destas pessoas e quanto é violento este bairro para sentir a realidade", sublinhou.

O drama do bairro Curtume

Adão Pereira João, morador, diz que o bairro Curtume é muito violento, principalmente nas imediações do Largo do Iraque (por detrás da escola Angola-Cuba), onde os grupos revaos se encontram para brigarem, fazendo do largo uma arena de gladiadores.

"Eles fazem deste largo uma arena, como nos filmes. O que temos assistido aqui não é boa coisa, pois é sangue atrás de sangue", disse. E acrescentou: "Em 2016, aconteceu uma situação idêntica: um jovem foi morto pelo amigo à facada e as coisas já não se acalmaram, pelo contrário, a violência aumentou. As lutas são sempre de garrafas e catanas, até miúdos de sete e 10 anos já andam com faca na cintura, aqui só se anda bem de dia", explicou.

Eva João, moradora há mais de 20 anos, contou que o bairro não é calmo, pois as lutas de gangues são frequentes.

"As lutas são constantes e a qualquer hora do dia, mesmo dentro dos quintais, as pessoas estão sujeitas a ser feridas por causa dos cacos das garrafas ou das pedras que caem".

"É um medo que vivemos, sair tarde do serviço ou sair cedo de casa. Há menos de um ano houve a morte de um outro jovem na mesma situação. Há muito que reclamamos por segurança neste bairro, pois temos vários grupos que andam armados e não temos tido sono" contou.

Entretanto, o que o Novo Jornal Online apurou no local é que o clima é de terror e que, por falta de segurança, algumas famílias já abandonaram as suas residências, que depois são usadas como refúgio pelos marginais. Uma das ruas do curtume até é conhecida por Rua dos terrores, por causa dos tormentos que os moradores vivem.