As ravinas abertas à força das chuvas estão espalhadas pelos cinco bairros que compõem o distrito do Benfica, sendo Kifica e Bem-Vindo os mais afectados.
A correnteza das águas, que correram soltas em Março e Abril em direcção aos declives, desenterrou, à sua passagem, cabos eléctricos e condutas de água, abriu crateras e arrastou consigo enormes quantidades de areia e resíduos sólidos.
Com uma população estimada em 70 mil almas, o Kifica é o bairro que reúne mais casas de alto padrão arquitectónico, onde os sinais de riqueza exterior são mais ostensivos, sendo habitado, maioritariamente, por pessoas com um poder de compra acima da média, mas paradoxalmente não dispõe de ruas asfaltadas ou esgotos para a drenagem das águas pluviais e residuais.
Consta que o bairro tinha sido projectado para servir de alternativa ao Alvalade, mas o Estado limitou-se ao loteamento dos terrenos, sem que tivesse criado as estruturas de saneamento básico.
Todos os anos, quando chove, as águas das chuvas trazem à superfície uma miríade de problemas. "Mas nunca causaram tantos danos como este ano", revela um morador do bairro localizado a Sul de Luanda, que ainda se ressente da ressaca das chuvas copiosas.
Há ruas que continuam cortadas ao trânsito automóvel, totalmente intransitáveis, por onde nem os camiões nem os jipes todo-o-terreno conseguem circular.
"Alguns moradores se sentem obrigados a parquear os seus veículos em locais distantes das suas residências, até onde a estrada lhes permite chegar", adiciona Laura, 58 anos, 10 dos quais a morar no Kifica.
A funcionária pública, que diariamente percorre mais de 20 quilómetros até ao seu local de serviço, na parte baixa da cidade, adiciona: "Conduzo uma viatura ligeira e sofro bastante com os buracos e as areias acumuladas nas estradas. Dentro de alguns dias, terei de encostar o carro para a sua reparação", desabafa.
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