Esta acusação, feita numa entrevista telefónica ao jornal Financial Times, alegadamente de um país africano onde se terá refugiado com receio face ao processo que corre na justiça contra si, surge num contexto em que os seus bens e contas foram preventivamente arrestados no final de 2019, e a empresária tem mantido uma presença constante nos media nacionais e internacionais onde se tem defendido e atacado a justiça nacional e o Governo de João Lourenço.

Sem detalhes sobre que tipo de provas foram "plantadas" nos computadores das suas empresas em Portugal, país onde detém uma forte presença em sectores como as telecomunicações, energia ou na banca, Isabel dos Santos acusa simplesmente "hackers" ao serviço de secretas angolanas de terem forjado provas para a comprometerem na justiça portuguesa, onde, sublinha-se, não corre qualquer processo contra si conhecido.

Mas a empresária lembrou ainda nesta entrevista ao Financial Times por telefone a partir de um país não revelado do continente africano - o seu marido, Sindika Dokolo é congolês (RDC) e o Presidente do Congo, Félix Tshisekedi, esteve este fim-de-semana reunido com João Lourenço em Benguela - que, apesar de ser conhecida em Angola como "a princesa", levanta-se cedo para trabalhar há muitos anos, coisa que as princesas não costumam fazer.

"Não sei se há princesas que se levantem da cama para ir criar redes de supermercados", disse Isabel dos Santos, ironizando com o epiteto que lhe foi "colado" no seu país de origem, onde trava uma luta na justiça que diz estar consciente de que vai ser "longa" e "muito difícil".

O arresto preventivo dos bens e contas bancárias de Isabel dos Santos foi feito a pedido da PGR em nome do Estado angolano, que se sente lesado em mais de 1,1 milhões de euros em empréstimos que concedeu à empresária através de empresas públicas como a Sonangol.