No primeiro semestre deste ano, o Governo gastou somente 1% do dinheiro destinado ao Programa Integrado de Desenvolvimento Local e Combate à Pobreza. De um total de 231,8 mil milhões de Kz aprovados para as despesas para o ano todo, somente 2,3 mil milhões foram executados. O cenário desanimador contrasta com a intenção do Governo de reduzir a pobreza extrema de 31% para 28% dentro de dois anos (até 2027).

De acordo com os relatórios de execução trimestral do Orçamento Geral do Estado (OGE) de 2025, no primeiro trimestre, a aplicação dos recursos para o referido programa criado em 2018, com o objectivo de reduzir a pobreza e promover o bem-estar social, foi quase nula, com pouco mais de um mil milhão Kz executados. A tendência manteve-se no segundo trimestre, onde só 1,3 mil milhões Kz do total das despesas foram usados, totalizando os actuais 2,3 mil milhões Kz, muito abaixo dos 115,9 mil milhões que deveriam ter sido aplicados, caso o Governo seguisse a regra da boa execução orçamental (25% da verba por trimestre).

Enquanto o programa não avança e o dinheiro não chega a quem precisa, a fome e a miséria agravam-se em todo o País. Todos os dias, milhares de angolanos vêem-se forçados a revirarem contentores de lixo em busca de restos de comida ou a deambular pelas ruas a pedir esmolas. A gravidade do problema, além de ser notável nas ruas e esquinas, é confirmada por diversas organizações internacionais.

Segundo o World Poverty Clock, a pobreza extrema no País cresceu 82% nos últimos oito anos e há mais de 11,6 milhões de angolanos a viver abaixo do limiar da pobreza, com menos de 2,15 dólares/dia. A ferramenta, que monitoriza a pobreza em tempo real, estima que até 2027 o número de angolanos em situação de pobreza extrema supere os 12 milhões. Já o African Poverty Clock aponta um cenário ainda mais grave, indicando que mais de 16 milhões de pessoas no País (44% da população) vivem com menos de 1,90 dólares/dia.

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