Tem havido um burburinho crescente à volta da emigração de jovens angolanos para outras bandas em busca de melhores condições de vida, principalmente sócio-económicas.
O que se tem assobiado entre os becos desenha uma emigração feita por quem pode ainda dar muito pelo País, emprestando o que sabe e a força que tem para o crescimento dessa banda bué bala e cheia de recursos, mas que por vários motivos bazar tem sido a opção abraçada.
Sejam solteiros, casados, amigados ou que manteram, estão todos no mesmo barco da fuga em busca da saúde, da educação, do trabalho, do salário condigno que ajude mais do que o actual, do transporte público que funcione de verdade. Cada um com as suas razões, mas quase todos partilham as mesmas. Há madies que continuam a dar o litro cá, mas que levaram a família para lá, fazendo sempre que possível o movimento de ida e volta, cada vez mais difícil na despedida, sem esquecer o bilo para enviar as divisas cada vez caras para dar dignidade à família. Há ainda quem também tenha bazado de caxexe, sem despedir, de fininho, por questões de saúde ou por gozo de férias e por lá pausou a bumbar embarrado, enquanto o salário da banda continua a pingar, porque o controlo falhou há bué, se calhar porque quem controlava também bazou!
Nem tudo são vinhos reserva, azeitonas, presuntos e queijos de cabra do monte, há muita amargura, lágrimas e lamentos à mistura, porque nem sempre os planos saem como esperados, quer a nível profissional como pessoal, tanto que há casais a sengarem por causa da distância e dos largos dias sem se abraçarem, como há quem entre em parafuso porque o salo sonhado e a vida boa afinal não é tão pêra doce, há bué de cenas que têm de ser superadas, que obrigam a ter garra e a ter que aceitar e sobreviver com muita luta, e algumas vezes em condições mais precárias do que na banda e que fazem brotar o arrependimento. E não volta!? Boa pergunta!
No entanto, nem todos os que bazam são emigrantes. Alguns são uma espécie de retornados sem nunca terem lá estado antes... Compliquei? Simples: Muitos conseguem a tão sonhada e orada nacionalidade tuga, que é a mais solicitada pelos motivos sabidos, logo bazam como tugas, não sendo assim emigrantes, porque a princípio vão para o país deles... estranho, mas prontos! Aquele passão vale bué. Há quem faça tudo para tê-lo.
Segundo os ecos dos tais assobios, não são só os pobres que estão a tirar voado, os nguvulos, seus filhos e netos também estão a zarpar a todos o gás há bué time. Levam tudo, família, cão, gato, kumbú, pintas, tudo o que der para levar, criando riqueza nas bandas alheias e empobrecendo cada vez mais a nossa banda, porque as riquezas intelectual e mineral também bazam nos jatos dos avilos.
Noutro prisma apreciamos a entrada cada vez maior de estrangeiros em busca do sonho da felicidade que todos querem, o que nos faz banzelar o seguinte: o que se passa afinal? O que há cá na banda que o estrangeiro galou e gostou e nós não? O que nos faz querermos ir e eles virem? Será que as dificuldades só cafricam os nacionais? Ou os estrangeiros arranjaram forma de dar a volta por cima? São apenas algumas questões assobiadas pelas bandas e que convém relembrar que, tal como eles, nós quando bazamos também somos estrangeiros nas terras alheias e os mesmos questionamentos surgem, acrescidos da migração interna que faz muito jovem sair das zonas rurais para as cidades em busca de alguma réstia de esperança, nem que for como lavador ou escamador, sequer ainda como cupatata.
Há quem diga que nem todo o emigrante vai para ficar de vez, como os turistas, e que existem outros motivos que não a busca por melhores condições de vida, aliás esse tem sido o mote principal para as migrações desde há bué.
Mas espera lá, e os angolanos que estão pausados na bandula tipo nada, que, mesmo tendo condições para tirarem o pé do limão, saírem ralado, preferem continuar pela banda da sexta-feira do homem? O que se passa? O que os faz ficar cá com a família?
Nessa conversa leve e sem aprofundar bué, apenas para ouvir bem o que se assobia nas sentadas e ambientes de quintal, deixo algumas questões:
Porque bazamos? O que buscamos lá que cá não há? O que levamos para lá? Como vamos? Por quanto tempo? O que faremos lá? Tem dado certo? E o que deixamos por cá? Quem está a bazar? Quantos têm bazado por mês e ano? Como será o futuro?
É sabido que há vantagens e desvantagens, sacrifícios e benefícios entre bazar ou ficar, cada um analisa a sua opção de acordo com os seus planos de vida a curto, médio e longo prazos e é claro de acordo também com o bem-estar da sua família, porque nem tudo é pela bancada, mas sim pelos filhos. Enquanto isso, vou continuar a assobiar "eu vou voltar" a banzelar se bazo ou se fico em nome do objectivo maior... Katé+n