Um ano depois, na cidade Mogadíscio, Somália, fomos ànossa segunda experiência em Afrobasket e, após uma verdadeira e estratégica" revolução geracional", apostando-se num conjunto de jogadores bastante novos, caímos dois lugares na tabela classificativa. A aguerrida e impaciente imprensa desportiva da altura atribuiu ao Professor Victorino Cunha, seleccionador nacional, o cognome de "Derrotino Cunha".
Em 1983, na histórica cidade egípcia de Alexandria, fundada pelo imperador romano Alexandre, "o Grande", no ano de 331 antes de Cristo, surpreendendo tudo e todos, inclusive os deuses do basquetebol, o triunvirato de treinadores constituído pelos saudosos Vladimiro Romero e Beto Portugal e igualmente pelo Tony Sofrimento conquistou a nossa primeira medalha em seniores masculinos em Campeonatos africanos. Foi uma prata totalmente dourada conquistada sob o olhar silencioso e tumular dos faraós "acomodados" nas pirâmides milenares de Alexandria.
Neste longo percurso historicamente de glórias e conquistas, destaco o facto de a realização dos Afrobaskets em Angola ter ocorrido sempre em momentos em que era necessário tratar das "dores da Nação".
Em 1989, primeira vez que acolhemos aqui em Luanda e conquistamos esta prova, saídos de um traumatizante terceiro lugar dois anos em Túnis, quando toda a gente já nos considerava os virtuais vencedores, o País vivia os duros tempos contemporâneos de acontecimentos como a queda do Muro de Berlim, a Perestroika na antiga União Soviética, nossa aliada política e ideológica no contexto da Guerra-Fria, os impactos sociais e económicos da implementação do Programa de Saneamento Económico e Financeiro (SEF) e de uma queda acentuadíssima do preço do petróleo no mercado internacional, que chegou a rondar os "míseros" dez dólares norte-americanos por barril, para não falar da violentíssima guerra que se prolongava com laivos de "eternidade".
O segundo campeonato africano que acolhemos, em 1999, um número muito presente no imaginário da juventude angolana da altura, por causa da série de ficção científica "Espaço 1999", transmitida pela TPA, em que os personagens Comandante e a Maya eram verdadeiros ícones, também foi uma altura especial, quer desportivamente, após o nosso insucesso dois anos antes em Dakar, em que, de forma inglória e após quatro vitórias consecutivas, perdemos o nosso estatuto de campeões africanos, quer de um ponto de vista político-social, com a retoma e o recrudescer do conflito armado após a frágil trégua resultante dos Acordos de Lusaka em Novembro de 1994.
A terceira vez em que fomos sede do Campeonato africano, no ano de 2007, também foi absolutamente especial. Foi o campeonato da paz e da prosperidade. Era uma altura em que Angola se afirmava no contexto das nações africanas com um novo rosto, com uma imagem renovada de um país que soube superar as amarguras da guerra cinco anos antes e se pretendia afirmar como uma nação pacificada e economicamente pujante.
Pela primeira e única vez na longa história de realizações de campeonatos africanos de basquetebol, esta prova aconteceu em quatro cidades distintas simultaneamente. Luanda, Huambo, Benguela e Cabinda tiveram o privilégio de testemunhar os jogos do Afrobasket 2007.
Eram tempos de entusiamos e optimismo. O país em paz e crescendo economicamente numa margem acima dos dois dígitos, facto este impulsionado por um ciclo de alguns anos em que o preço do barril do petróleo se cifrou a volta dos 100 dólares norte-americanos.
"A pátria aos seus filhos não implora. Ordena!" Esta frase de enorme simbolismo e exaltação patriótica, criada pelo querido Tenente-Coronel Armindo Bravo da Rosa "Kamaka", serve de chamamento a todos nós, convocados para, uma vez mais, perante África e o Mundo, demonstrar que "somos um só povo, uma só selecção", que nas quadras de basquetebol, aqui na nossa terra, temos um espírito e uma vontade de milhões e "contra milhões ninguém combate".
Boa sorte, bravos rapazes! Boa sorte, Angola!
*Jurista e Presidente do Clube Escola Desportiva Formigas do Cazenga
Lei em campo: Estamos todos convocados!
"A pátria aos seus filhos não implora. Ordena! - Tenente-General Bravo da Rosa "Kamaka"
Em 1980, há já longínquos 45 anos, na cidade marroquina de Rabat, fizemos a nossa estreia em Afrobaskets, após uma histórica eliminatória de apuramento diante da Zâmbia. O saudoso base vilista Mário Octávio, Carlos Cunha (antigo Director da TPA), Fernando Barbosa "Barbosinha", o velho capitão Gustavo da Conceição e o António Guimarães (irmão da nossa estrela cintilante José Carlos Guimarães) formaram o primeiro quinteto de angolanos a envergar o manto sagrado da gloriosa selecção nacional de Angola diante do país anfitrião, Marrocos, diante do qual perdemos por 67-81.
Em 1980, há já longínquos 45 anos, na cidade marroquina de Rabat, fizemos a nossa estreia em Afrobaskets, após uma histórica eliminatória de apuramento diante da Zâmbia. O saudoso base vilista Mário Octávio, Carlos Cunha (antigo Director da TPA), Fernando Barbosa "Barbosinha", o velho capitão Gustavo da Conceição e o António Guimarães (irmão da nossa estrela cintilante José Carlos Guimarães) formaram o primeiro quinteto de angolanos a envergar o manto sagrado da gloriosa selecção nacional de Angola diante do país anfitrião, Marrocos, diante do qual perdemos por 67-81.
