Fontes do MED asseguram ao Novo Jornal que o ministério poderá pronunciar-se sobre este assunto a qualquer momento.

Entretanto, as direcções de escolas do segundo ciclo do ensino secundário recebem todos os dias dezenas de reclamações dos pais e encarregados de educação a respeito do assunto.

Muitas escolas admitem ter havido falhas no próprio sistema de correcção, que provocou a reprovação de estudantes com excelentes notas e desempenho académico ao longo do ano lectivo.

O Novo Jornal soube que o Ministério da Educação também tem estado a receber diariamente reclamações provenientes das suas delegações provinciais, com milhares de estudantes a queixarem-se do que consideram ser "uma injustiça".

Ao Novo Jornal, vários estudantes dizem-se frustrados e indignados com o novo sistema de correcção de provas que o MED criou.

Segundo os estudantes, a correcção de provas dos exames nacionais "foi um fiasco autêntico".

Vários docentes contaram ao Novo Jornal que "era de esperar tamanha falha, pois pela primeira vez em muitos anos os professores não realizaram a reunião de notas para avaliação do aluno".

Segundo os docentes, ao invés de os professores fazerem a correcção e avaliação do aluno, um sistema informático criado pela MED é que faz a avaliação.

Directores de algumas escolas públicas de Luanda e da Huíla confidenciaram ao Novo Jornal que o MED solicitou às escolas os mapas dos alunos e que as escolas os enviaram, mas o próprio MED teve dificuldade de inserir os dados no sistema de avaliação.

Sob anonimato, e com medo de represálias, muitos professores e directores asseguram ser melhor o MED "encerrar esse novo sistema adoptado, visto que retirar a presença do homem e deixar ao critério de uma máquina, não é a melhor solução por enquanto".

"Esse modelo não serve. Confirmámos que a maioria dos estudantes que reprovaram foram injustiçados", asseguram.

O Novo Jornal apurou que só a nível do Instituto Médio Normal Educação (INNE) Garcia Neto, mais de 500 estudantes com apenas uma nota negativa reprovaram.

Mas, contam os estudantes, alunos com quatro e cinco negativas foram aprovados pelo sistema.

No município do Cazenga, na Escola 361 "Posoca", uma turma da 12ª classe foi reprovada devido à falha no sistema e a direcção da escola afirma não ter nada a ver com a situação.

Segundo os alunos, a direcção pediu-lhes apenas para repetirem a classe, sem oferecer qualquer solução.

Uma encarregada de educação diz sentir-se ofendida pelo facto de ter visto reprovados os três filhos, com notas excelentes e sempre nos quadros de honra das escolas.

"É uma vergonha e dor para os pais. Isto não se faz", lamentou a encarregada em lagrimas, após ir pedir satisfações ao MED esta manhã.

"Denunciamos esta situação e exigimos que as autoridades competentes tomem medidas para resolver o problema e garantir que os alunos sejam tratados de forma justa e equitativa. É fundamental que a escola assuma a responsabilidade pela falha e encontre uma solução que não prejudique os alunos", lê-se numa carta de dezenas da Lunda-Sul, dirigida à delegação provincial da educação.

Sobre o assunto, o Novo Jornal contactou o MED, e, uma fonte deste ministério assegurou terem domínio das queixas e reclamações e que oportunamente irão pronunciar-se publicamente a esse respeito.

Já o presidente do Movimento dos Estudantes de Angola (MEA), Francisco Teixeira, disse ao Novo Jornal que o MEA acompanha com preocupação a situação e que já procurou ouvir explicações do MED sobre as insuficiências do sistema de correcção das provas.

Francisco Teixeira diz esperar que o MED resolva o mais breve possível a situação, "repondo a legalidade e a justiça".

"Caso não seja esse o entendimento, seremos obrigados a realizar protestos em frente ao MED, afirmou ao Novo Jornal.

Francisco Teixeira diz que chegam dezenas de denúncias e reclamações diariamente ao MEA a respeito do assunto e pede ao Executivo para "não ignorar os injustiçados".